Negócios
CEO conta como Sephora se consolidou no Brasil


Andrea Orcioli, CEO da Sephora, construiu toda a sua carreira na indústria da beleza, com passagens pela Avon e Unilever
Andrea Orcioli soube que seria CEO quando sua então chefe, Flávia Bittencourt, avisou que iria assumir a Adidas no Brasil e deixaria seu cargo na Sephora para ela. “Estava pronta, mas fiquei me perguntando como iria substituir aquela pessoa que eu e toda a empresa admirávamos”, lembra a executiva.
As duas foram a Paris para a despedida de Flávia na empresa, que faz parte do grupo LVMH, dono de outras grandes marcas de luxo, como Louis Vuitton e Dior. Conversando com um alto executivo do grupo, Chris de Lapuente, Andrea compartilhou sua insegurança. “Na carreira, ninguém substitui ninguém. Cada um tem a sua trajetória. Você não vai substituí-la, vai continuar o seu caminho”, ouviu dele.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Essa simples frase trouxe a energia de que ela precisava para de fato assumir a posição. “Pude voltar a dormir”, brinca a executiva, que ampliou os negócios da empresa no Brasil, hoje o terceiro maior mercado mundial de beleza, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
Andrea construiu sua carreira toda nessa indústria. Começou como estagiária na Avon, durante a faculdade de comunicação social. Passou pela Unilever, na área de cabelos, e voltou para a Avon, onde ficou por mais de 10 anos e cuidou da empresa na América Latina. “Sou louca por beleza desde que fui bailarina”, diz ela, que chegou a considerar seguir carreira na dança.
Clima de startup
Há quase 10 anos na Sephora, Andrea entrou no final de 2014, liderando as áreas de marketing e merchandising. “Foi um diferencial para eu assumir como CEO porque estava envolvida em toda a estratégia e o futuro da Sephora Brasil”, diz. A executiva chegou apenas um ano e meio depois da abertura da primeira loja no Brasil, “Foi uma experiência de startup porque apesar de ser a maior rede de beleza do mundo, estava apenas começando aqui.”
Hoje, a companhia está em outro momento, com 36 lojas espalhadas pelo país. Este ano, já abriu 2, e deve chegar a 4. “Já é uma empresa bastante estruturada e com crescimento acelerado”, diz a executiva, que é otimista em relação ao Brasil.
Em pleno 2020, já em meio à pandemia da Covid-19, a empresa abriu duas lojas no país e lançou a Fenty, marca de maquiagem da Rihanna. Andrea havia assumido a liderança da Sephora no Brasil meses antes, no final de 2019. No início da sua gestão, viu as lojas serem fechadas e os funcionários – e também os consumidores – indo para casa. “Trabalhamos muito com o global e conseguimos ter crescimento em 2020.”
Em 2023, o grupo LVMH teve lucro de € 22,8 bilhões. A divisão que inclui a Sephora, além da DFS e Le Bon Marché, alcançou € 17,9 bilhões em receita e teve aumento de 76% nos lucros. Segundo o grupo, a varejista de beleza teve “mais um ano recorde de receita e lucro”.
Leia também:
- “Não tinha certeza de que estava preparada, mas fui mesmo assim”, diz economista-chefe do JP Morgan
- “Agarro com muita força as oportunidades”, diz diretora da NTT Data
Mercado de beleza brasileiro
Andrea credita o avanço da empresa – dentro e fora do Brasil, apesar de não divulgar números locais – à curadoria de marcas no portfólio da Sephora e ao clima de experimentação da companhia. “Ela já foi concebida, em 1970, com um caráter de inovação”, diz. Antes de a Sephora disponibilizar os produtos para os clientes testarem na loja, o padrão era deixar atrás do balcão.
Foi a primeira a lançar a MAC no Brasil e outras grandes marcas vendidas apenas por lá, como Nars, Drunk Elephant e Fenty Beauty. Três anos depois de desembarcar em solo brasileiro, começou a comercializar a primeira marca nacional, Feito Brasil. Hoje, Bruna Tavares, Mari Maria, Mariana Saad, entre outras, também estão no portfólio. “Como não olhar o mercado do Brasil que é um dos maiores mercados do mundo e tem, sim, muitas marcas de qualidade?”
Tecnologia no negócio
A filial brasileira também acompanha as inovações tecnológicas da empresa globalmente. A Sephora Brasil acaba de lançar um novo aplicativo, com promoções diárias, pré-lançamentos e brindes exclusivos, para levar a experiência das lojas físicas para o smartphone. “A tecnologia é fundamental para qualquer business hoje”, diz Andrea, que começa seu dia checando o app. Logo depois, entra nas redes da Sephora para ler os comentários e “ouvir os consumidores”. “Eu venho do marketing e tinha um momento que a gente precisava ir até o cliente para escutar o que ele precisava. Hoje, está tudo disponível online.”
A executiva também observa um movimento global, e que chegou ao Brasil, do boom da empresa em plataformas como o TikTok, onde influenciadores mostram suas compras, da Sephora e de outras lojas. “Quando é um movimento orgânico, demonstra o quanto a marca é amada”, diz. É também uma questão geracional, observa Andrea, e que está levando meninas muito jovens a consumir produtos de beleza.
Não dá para ter tudo
Além das pesquisas online, que dão insights sobre quais marcas os brasileiros querem na Sephora, a executiva também circula pelas lojas físicas, ouvindo funcionários e consumidores. Essa vontade de estar na ponta vem da sua primeira experiência profissional, como vendedora de loja de shopping. “Sou bastante conectada. Estou em todo lugar ao mesmo tempo.”
Hoje, com mais de 20 anos de carreira, reconhece que não é possível ter tudo. “Amo ser CEO, mas só consigo porque tenho apoio”, diz. Mãe de dois, chegou a perder o aniversário dos filhos por estar em uma viagem internacional a trabalho. “Mas hoje, ouvir do meu filho de 20 anos que ele tem orgulho de mim e quer ser como eu recompensa todas as escolhas que eu fiz, e que acho que foram corretas.”
A trajetória de Andrea Orcioli, CEO da Sephora no Brasil
Primeiro cargo de liderança
“Iniciei minha carreira como líder na Sephora como vice-presidente Latam de marketing e merchandising.”
Quem me ajudou
“A Flávia Bittencourt era minha chefe, uma líder absolutamente incrível, super aspiracional, uma pessoa realmente que todos admiravam. E um dia ela me chamou e me avisou que iria para a Adidas e que eu assumiria o lugar dela. Foi um momento bastante difícil para mim, porque eu realmente admirava muito a Flávia como líder, foi difícil aceitar que ela estava saindo. E a outra dificuldade foi entender como iria substituí-la. Eu fiquei muito insegura, mas um dos líderes da Sephora na época me deu um conselho que mudou tudo. Ele disse que eu não iria substituí-la, mas simplesmente continuar o meu caminho como liderança, com um olhar novo. Foi a partir daí que assumi de verdade e comecei a trazer a liderança da Andréa para a Sephora.”
Turning point
“Penso em dois grandes desafios na minha carreira. O primeiro foi quando eu assumi como CEO, com a missão de expandir as lojas físicas da Sephora no Brasil. Decidimos reestruturar o negócio e direcionar grande parte dos investimentos para tecnologia e pessoas, para que conseguíssemos dar esse passo. Deu certo e estamos em um momento super positivo, com abertura de cerca de cinco lojas por ano. O segundo desafio foi a pandemia. Eu tinha acabado de assumir a presidência, fazia menos de um ano. Senti uma grande pressão, porque me sentia responsável por manter o emprego de todos os colaboradores, naquele momento difícil em que não sabíamos exatamente o que aconteceria. Foi um aprendizado enorme, e com muita resiliência e o trabalho incansável do nosso time, conseguimos atravessar esse momento.”
O que ainda quero fazer
“Pretendo continuar evoluindo na minha carreira, buscando novas possibilidades de crescimento e aprendizagem.”
Causas que abraço
“Trabalhar com beleza é fascinante devido às múltiplas causas envolvidas, como a diversidade de gênero e a liberdade de expressão. A beleza se manifesta na forma como as pessoas se mostram e se expressam. Na Sephora, colaboramos para promover essa diversidade por meio de produtos, campanhas e eventos. Um exemplo é o projeto Classes for Confidence, que realiza workshops de maquiagem para apoiar grupos minorizados, como mulheres negras e em tratamento oncológico, visando resgatar sua autoconfiança. Na minha gestão, também fui responsável por aprovar a área de Diversidade e Inclusão, que começou em 2023. A partir da criação da área, a Sephora vem treinando e capacitando líderes e colaboradores, assim como todos os funcionários das lojas, com o objetivo de que todos os clientes se sintam confortáveis e acolhidos em nossos espaços.”
Veja outras executivas do Minha Jornada
Quinzenalmente, a Forbes publica a coluna Minha Jornada, contando histórias de mulheres que trilharam vidas e carreiras de sucesso.
O post CEO conta como Sephora se consolidou no Brasil apareceu primeiro em Forbes Brasil.
Powered by WPeMatico
Negócios
Como o excesso de tempo de tela afeta seu cérebro

O brasileiro passa, em média, cerca de nove horas por dia diante de telas, segundo levantamento feito pela plataforma Electronics Hub, um site de informações eletrônicas, a partir da pesquisa Digital 2023:Global Overview. Embora o debate geralmente se concentre em sintomas físicos, como cansaço ocular e dores no pescoço, pesquisas em neurociência apontam que o uso excessivo de telas está remodelando o cérebro de formas surpreendentes.
“Os efeitos negativos do tempo de tela são enganosos, porque você não consegue ver o que está acontecendo no seu cérebro enquanto olha para a tela”, diz Maris Loeffler, pesquisadora da faculdade de medicina de Stanford. “Se você rolasse o celular na cama por uma hora em apenas uma manhã, os impactos negativos seriam mínimos. Mas se isso se tornar um hábito, dia após dia, mês após mês, esse comportamento pode cobrar seu preço.”
A seguir, veja maneiras cientificamente comprovadas de como o excesso de tempo diante das telas afeta o seu cérebro, além de estratégias práticas para preservar o bem-estar mental no ambiente de trabalho.
5 formas comprovadas de como o excesso de telas afeta o cérebro
1. A camada externa do seu cérebro está afinando
Uma das descobertas de pesquisas recentes em neurociência é que o tempo excessivo de tela pode levar a mudanças físicas na estrutura do cérebro. Estudos mostram que, em adultos de 18 a 25 anos, o uso excessivo de telas pode causar afinamento do córtex cerebral, a camada mais externa do cérebro, responsável por funções essenciais como memória e resolução de problemas.
É o centro de comando do seu cérebro, que orquestra desde o raciocínio complexo até o pensamento criativo. Quando essa região se torna mais fina devido à exposição excessiva às telas, pode afetar sua capacidade de focar, tomar decisões e processar informações de forma eficaz.
O que você pode fazer
Implemente a regra 20-20-20, recomendada pela Academia Americana de Oftalmologia, ao longo do seu dia de trabalho. A cada 20 minutos, olhe para algo a 20 pés de distância (aproximadamente 6 metros) por pelo menos 20 segundos. Agende esses momentos como lembretes recorrentes na sua agenda, se necessário.
Além disso, negocie com sua liderança pausas para “recuperação do córtex”. Breves intervalos de 10 a 15 minutos a cada 2 horas podem aumentar a produtividade. Use esses momentos para atividades como sessões de brainstorming, reuniões caminhando ou revisão de materiais impressos, em vez de permanecer preso ao monitor.
2. O volume da sua matéria cinzenta está diminuindo
A matéria cinzenta é o tecido essencial do cérebro, responsável por tudo, desde os movimentos até as emoções. Embora ela diminua naturalmente com a idade, um estudo realizado por pesquisadores da Wilfrid Laurier University, no Canadá, indica que adultos que passam tempo excessivo diante de telas apresentam um volume significativamente menor de matéria cinzenta em comparação aos seus pares.
Esse encolhimento prematuro é preocupante, porque a matéria cinzenta abriga a maior parte dos corpos celulares neuronais do cérebro. Quando você perde volume de matéria cinzenta antes do esperado, acelera o envelhecimento cognitivo, o que pode afetar sua memória, regulação emocional e agilidade mental.
O que você pode fazer
Para proteger e desenvolver sua matéria cinzenta, considere estas estratégias:
- Faça reuniões caminhando: Substitua videochamadas por ligações telefônicas enquanto caminha, ou sugira discussões a pé em reuniões individuais para otimizar o tempo;
- Priorize interações presenciais: Prefira conversas ao vivo em vez de mensagens no Slack e no WhatsApp sempre que possível, participe de eventos de networking e atividades de integração de equipes;
- Invista em desenvolvimento profissional: Participe de workshops, faça cursos online ou junte-se a associações profissionais que exijam participação ativa e desenvolvimento de novas habilidades.
3. Seu ciclo de sono está sendo sequestrado
A luz azul emitida pelas telas não apenas cansa os olhos; ela também afeta o sono. Pesquisas mostram que a luz das telas pode atrasar a liberação de melatonina pela glândula pineal do cérebro, interrompendo o ritmo circadiano natural do corpo e dificultando o adormecer e a obtenção de ciclos de sono restauradores.
Quando seu ritmo circadiano é alterado, isso gera uma série de problemas que a neurociência relaciona ao comprometimento do desempenho cognitivo. A má qualidade do sono prejudica a consolidação da memória, reduz a performance cognitiva e pode até contribuir para distúrbios de humor e ansiedade.
O que você pode fazer
Para proteger seu sono e seu ritmo circadiano:
- Estabeleça limites claros: Negocie com seu líder para evitar e-mails à noite e crie políticas de comunicação fora do expediente;
- Use tecnologia protetora: Se precisar trabalhar até tarde, utilize óculos que bloqueiam luz azul ou ative o modo noturno em todos os dispositivos;
- Crie um ritual de desconexão: Feche o laptop, desligue notificações e passe para atividades sem telas;
- Proponha horários flexíveis: Considere escalas de trabalho que se alinhem ao seu ritmo circadiano natural para maximizar a performance.
4. Seu cérebro está preso no modo “luta ou fuga”
“Um dos maiores problemas de pegar o celular imediatamente pela manhã é que, quando você tem um objeto próximo ao rosto, ele é registrado como uma ameaça”, explica Loeffler, de Stanford. “Você não gostaria de acordar e encarar um urso toda manhã. Em nível fisiológico, é a mesma coisa.”
Quando você pega o celular assim que acorda e mergulha nos e-mails, seu sistema nervoso é sobressaltado e dispara uma resposta de luta ou fuga antes mesmo de você estar totalmente desperto. Isso cria um padrão em que seu cérebro tende à hipervigilância e à ansiedade ao longo do dia, dificultando relaxar, focar e pensar com clareza.
O que você pode fazer
Implemente a primeira hora do dia sem telas. Em vez de verificar e-mails imediatamente, comece com atividades que regulam seu sistema nervoso, como exercícios, meditação ou o preparo de um café da manhã saudável.
Chegue ao trabalho cedo para se acomodar sem a pressão imediata de e-mails e notificações. Use esse tempo para planejar seu dia, organizar seu espaço de trabalho ou ter conversas informais com colegas. Essa abordagem te ajuda a começar o trabalho a partir de um estado calmo e focado, em vez de entrar no modo de estresse reativo.
5. Seu risco de doenças neurodegenerativas está aumentando
Pesquisas indicam que adultos que assistem à televisão por cinco horas ou mais diariamente podem ter um risco maior de desenvolver doenças como demência, AVC ou Parkinson. Essa conexão provavelmente decorre de uma combinação de fatores: redução da matéria cinzenta, padrões de sono interrompidos, ativação crônica do estresse e o estilo de vida sedentário que geralmente acompanha o tempo excessivo de tela. Quando esses fatores se acumulam ao longo de anos ou décadas, eles podem acelerar o declínio cognitivo e aumentar a vulnerabilidade a condições neurológicas graves.
O que você pode fazer
Adote uma abordagem abrangente para a saúde do cérebro em sua vida profissional:
- Busque desafios cognitivos: Voluntarie-se para projetos que exijam pensamento estratégico, resolução de problemas e soluções criativas, ou lidere equipes multifuncionais e oriente colegas;
- Incentive o bem-estar no trabalho: Proponha iniciativas como grupos de caminhada no horário do almoço, sessões de meditação ou workshops de gerenciamento de estresse que incorporem técnicas baseadas em neurociência;
- Defenda o suporte à saúde: Demande estações de trabalho ergonômicas e exames de saúde regulares oferecidos aos funcionários.
Reverta o impacto do tempo de tela no seu cérebro
Lembre-se de que seu cérebro é adaptável. Ao controlar o tempo que passa diante das telas e proteger sua saúde cognitiva, você pode reprogramar os caminhos neurais do cérebro, reduzir o risco de declínio mental e criar uma relação mais saudável com a tecnologia, que impulsione (em vez de prejudicar) seu sucesso profissional.
*Caroline Castrillon é colaboradora da Forbes USA. Ela é mentora de liderança corporativa e ajuda mulheres a lidar com mudanças em suas carreiras.
O post Como o Excesso de Tempo de Tela Afeta Seu Cérebro apareceu primeiro em Forbes Brasil.
Powered by WPeMatico
Negócios
Saúde Mental Ultrapassa Câncer e Vira Maior Preocupação

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
A saúde mental se tornou o principal problema de saúde para os brasileiros, superando até mesmo o câncer. De acordo com o levantamento Ipsos Health Service Report 2025, 52% dos entrevistados apontam a saúde mental como sua maior preocupação — um salto expressivo em relação a 2018, quando o índice era de 18%.
Na sequência, aparecem o câncer (37%) e o estresse (33%), seguidos pelo abuso de drogas (26%) e a obesidade (22%). Neste Dia Internacional da Saúde Mental (10), o Brasil ocupa a terceira posição global entre os países que mais pensam sobre o bem-estar emocional, atrás apenas de México e África do Sul: 74% dos brasileiros afirmam refletir “com muita frequência” sobre o tema.
“O adoecimento mental deixou de ser um tabu para se tornar uma epidemia silenciosa, mas visível, que afeta profundamente nossa sociedade”, afirma Ricardo Patitucci, psiquiatra pela PUC-PR e com especialização na UFRJ. “Trata-se de um reflexo de um acúmulo de pressões sociais, econômicas e, em grande parte, profissionais, que estão cobrando um preço alto na saúde mental da população.”
Epidemia silenciosa no trabalho
A preocupação dos brasileiros é confirmada por dados do Ministério da Previdência Social, que registrou 472.328 afastamentos por transtornos mentais em 2024, um aumento de 67% em relação ao ano anterior e o maior número da série histórica. “Até 2022, o número de afastamentos por transtornos mentais se mantinha relativamente estável”, afirma Tatiana Pimenta, CEO e cofundadora da Vittude, plataforma de terapia online. “Tudo indica que esse número deve dobrar em 2025, com crescimento de 140% apenas no primeiro semestre.”
“Esse aumento nos afastamentos pode ser explicado pelo esgotamento acumulado pós-pandemia, a intensificação das demandas de trabalho e a dificuldade em desconectar.”
Ricardo Patitucci
Segundo Patitucci, muitos profissionais estão vivendo um fenômeno apelidado de “quiet cracking”: “É quando a sobrecarga emocional atinge um ponto de ruptura, levando ao afastamento como último recurso, quando o corpo e a mente não suportam mais.”
Uma pesquisa da Gupy, plataforma de tecnologia para RH, indica que quase 7 em cada 10 profissionais brasileiros se sentem emocionalmente sobrecarregados. Os principais fatores apontados são metas inalcançáveis, cultura do ‘sempre disponível’, falta de reconhecimento e gestão disfuncional. Entre os sintomas mais frequentes estão estresse (46%), tristeza (25%) e raiva (18%).
Mulheres e geração Z no centro da preocupação
A pesquisa da Ipsos também aponta que as mulheres (60%) e a geração Z (60%) são os grupos mais preocupados com a saúde mental, bem acima dos homens (44%) e dos baby boomers (40%). “Mulheres acumulam múltiplos papéis — profissionais, mães, cuidadoras — e muitas vezes são as principais provedoras do lar. Isso tem impacto direto na sobrecarga feminina e na saúde mental”, explica Pimenta. “Já a geração Z, que cresceu em um mundo digital e com maior acesso à informação, tem uma percepção mais aguçada sobre a importância da saúde mental e menos estigma para falar sobre o tema”, observa Patitucci.
Impacto econômico e papel das empresas
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que transtornos mentais afetam mais de 15% da força de trabalho global, reduzindo a produtividade e aumentando a rotatividade.
Problemas de saúde mental não afetam apenas as vidas e carreiras dos profissionais, mas também podem gerar custos significativos para as empresas. Mais precisamente, uma perda de US$ 8,9 trilhões (R$ 48,7 trilhões) à economia global anualmente, segundo um relatório da consultoria Gallup.
Além disso, o presenteísmo (quando colaboradores estão presentes, mas improdutivos) chega a 30% nas empresas brasileiras, segundo dados do Censo de Saúde Mental da healthtech Vittude. Na prática, isso significa que uma empresa precisa de dez pessoas para executar o trabalho de sete. “Cuidar da mente é, e sempre foi, uma questão de produtividade e sustentabilidade do negócio”, afirma Pimenta. “Quando a saúde mental se deteriora, o negócio sente.”
Nesse cenário, investir em bem-estar emocional é também uma estratégia de negócios. “Empresas que investem proativamente na saúde mental dos colaboradores não apenas cumprem um papel social, mas colhem benefícios tangíveis, como redução de até 23% na rotatividade, aumento de produtividade e melhora na retenção de talentos”, afirma Patitucci. “Nas empresas que estruturaram programas maduros, com diagnóstico, educação e acesso à terapia, observamos redução de afastamentos, aumento do engajamento e melhora real nos resultados”, diz Pimenta.
O desafio corporativo
De acordo com o relatório da Gupy, há uma tendência cíclica de piora da saúde mental no segundo semestre, especialmente entre agosto e outubro, período de retomada de metas e acúmulo de estresse. “Esse ciclo pode ser quebrado com planejamento estratégico e uma cultura de cuidado contínuo”, defende Patitucci.
Entre as medidas, o psiquiatra destaca a revisão realista de metas, incentivo a pausas e férias ao longo do ano, e a capacitação de líderes para reconhecer sinais de esgotamento. “É fundamental que a liderança promova um ambiente de escuta e reconhecimento, evitando que o acúmulo de estresse se torne insustentável e leve ao ‘quiet cracking’.”
Apesar do avanço das discussões sobre saúde mental, Pimenta acredita que o país ainda precisa avançar no tema. “O grande desafio hoje é tirar a saúde mental do campo do tratamento e levá-la para o campo da prevenção”, afirma. “A maioria das empresas ainda atua de forma reativa, só age quando o colaborador adoece ou apresenta um atestado.”
“Estamos em um ponto de inflexão. O cenário ainda pode se agravar antes de uma melhora substancial, especialmente se as empresas não agirem de forma proativa e sistêmica.”
Ricardo Patitucci
Por outro lado, há sinais de mudança positiva. “Há um movimento crescente de conscientização e de busca por soluções, com a saúde mental sendo reconhecida como um pilar estratégico para o sucesso organizacional”, diz Patitucci. “As empresas que investirem genuinamente em bem-estar serão as que construirão ambientes mais saudáveis e sustentáveis para o futuro.”
O post Saúde Mental Ultrapassa Câncer e Vira Maior Preocupação apareceu primeiro em Forbes Brasil.
Powered by WPeMatico
Negócios
Censo 2022: Nível de Ocupação É Menor Que o Registrado em 2010

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
O nível de ocupação da população brasileira chegou a 53,3% em 2022, de acordo com os dados do Censo. Isso significa que pouco mais da metade das pessoas com 14 anos de idade ou mais estava trabalhando quando a pesquisa foi realizada. A proporção é um pouco menor do que a verificada no Censo anterior, realizado em 2010, quando 55,5% das pessoas a partir desta idade estavam ocupadas.
“Em 2010, a economia estava mais aquecida. Já em 2022, a gente estava saindo da pandemia. Tem um movimento de recuperação em 2022, mas ainda não estava plenamente recuperada a economia”, explica o analista do IBGE João Hallack Neto.
Os dados do Censo relativos a trabalho e rendimentos foram divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e se referem a respostas dadas por cerca de 10% da população, selecionada de forma aleatória para compor uma amostra, que respondeu um questionário mais completo do que as questões básicas aplicadas a todas as pessoas.
Eles mostram ainda que 11,1% dos adolescentes entre 14 e 17 anos já exerciam algum tipo de trabalho no momento da pesquisa. Na outra ponta, 14,9% das pessoas com 65 anos ou mais também trabalhavam.
Renda
Em contrapartida, os trabalhadores brasileiros recebiam, em 2022, R$ 2.851 por mês, em média, mas 35,3% das pessoas tinha remuneração de, no máximo, 1 salário mínimo, o que na época equivalia a R$1.212. Neste quesito, houve um ligeiro avanço entre os anos, já que a proporção no Censo de 2010 foi 36,4%.
Nas duas edições da pesquisa, a maioria dos trabalhadores recebia entre 1 e 5 salários mínimos, proporção que subiu de 54% para 57%, entre 2010 e 2022. Por outro lado, a parcela de pessoas com rendimentos provenientes do trabalho superiores a 5 salários mínimos caiu, de 9,6% para 7,6%.
Ainda de acordo com o Censo, o rendimento proveniente do trabalho era responsável por 75,5% da renda mensal domiciliar, enquanto fontes como aposentaria, pensão, benefícios de programas sociais do governo e aluguéis correspondiam aos outros 24,5%.
A relação entre o nível educacional e a remuneração também foi comprovada: trabalhadores com ensino superior completo recebiam, em média, R$5.796, cerca de R$3.500 a mais do que quem tinha completado apenas o ensino médio, população com renda média de R$2.291 mensais.
Trabalho
Algumas mudanças no mercado de trabalho também apareceram na pesquisa. Em 2022, a população ocupada como empregados somou 69,2%, quase 5 pontos percentuais a menos do que em 2010. Já os trabalhadores por conta própria somavam 26,7%, um aumento de mais de 4 pontos na comparação com 2010, quando eles perfaziam 22,4%. Apesar da proporção de empregadores ser bem menor, também houve aumento entre os anos, de 2,1% para 3,3%
Entre os empregados, a maioria atuava no setor privado com carteira assinada, em 2022: 56,3%. Em seguida, vem os trabalhadores sem carteira do setor privado, que somavam 18,5% e os militares e estatutários, 13,7%.
Regiões
A pesquisa também identificou algumas diferenças regionais. Quanto ao nível de ocupação, por exemplo, a média brasileira de 53,3% foi superada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e no Sul, onde foi verificada a maior proporção: 60,3%. Já no Norte e Nordeste, menos da metade da população com mais de 14 anos estava ocupada no momento da pesquisa: 48,4% e 45,6%, respectivamente.
Essa desigualdade também apareceu nos rendimentos obtidos com o trabalho. No Centro-Oeste, essa renda representava 80,6% do total de rendimentos declarados pelos domicílios, 12,8 pontos percentuais a mais do que a proporção de 67,9% verificada no Nordeste. Nas outras três regiões, a relação ficou na casa dos 76%. Já o rendimento médio mensal de todos os trabalhos variou de R$ 2.015 no Nordeste, a R$ 3.292 no Centro-Oeste, ficando em R$ 2.238 na Região Norte, R$ 3.154 na Região Sudeste e R$ 3.190 no Sul.
“Do total de municípios, 520 deles apresentaram rendimento nominal abaixo de um salário mínimo, enquanto 19 deles possuem um indicador acima de quatro salários mínimos. Ilustrando a desigualdade tão grande que a gente tem disseminada pela história, os 10 municípios com menores rendimentos situavam-se na Região Nordeste. Por outro lado, 10 municípios com maiores rendimentos médios estavam nas regiões Sul e Sudeste”, complementa o analista do IBGE João Hallack Neto.
O post Censo 2022: Nível de Ocupação É Menor Que o Registrado em 2010 apareceu primeiro em Forbes Brasil.
Powered by WPeMatico
-
Cidades2 dias atrás
Cariacica: Árvores flutuantes e 600 mil micro lâmpadas de led vão iluminar o Natal 2025
-
Geral1 dia atrás
Caixa volta a financiar até 80% do valor dos imóveis pelo SBPE
-
Tecnologia2 dias atrás
Qual a diferença do Android 16 para o One UI 7 e 8? Entenda de uma vez por todas
-
Cidades1 dia atrás
Governo do Estado e Prefeitura dialogam sobre investimentos em Colatina
-
Cidades1 dia atrás
Credenciamento para receber a moeda “Mimoso + Comércio” tem início nesta segunda(13)
-
Cidades13 horas atrás
Transparência de ponta: Serra é destaque no ranking capixaba de governança pública
-
Negócios16 horas atrás
Como o excesso de tempo de tela afeta seu cérebro
-
Internacional4 horas atrás
Egito, Catar e Turquia assinam com Trump acordo de cessar fogo