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Saúde

Covid-19: primeiro caso foi confirmado em São Paulo há cinco anos

Redação Informe ES

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Há cinco anos, em 26 de fevereiro de 2020, foi confirmado o primeiro caso de covid-19 no Brasil: um homem de 61 anos, que havia viajado para a Itália e estava em atendimento desde o dia 24 no Hospital Israelita Albert Einstein. Ele sobreviveu. 

Em São Paulo, a equipe do Einstein já estava se preparando há alguns dias, assim como as equipes de outros grandes hospitais do país. Àquela altura dos acontecimentos no Brasil, todos os serviços de saúde e toda a sociedade já estavam esperando o primeiro caso aparecer. Qualquer paciente que chegava ao serviço de emergência com sintomas de síndrome gripal era automaticamente colocado sob suspeita de covid-19.

No caso do primeiro paciente com sintomas da doença, especificamente por ter vindo de uma região que, naquele momento, estava em franca epidemia, que era o norte da Itália, a suspeita foi muito forte. “Por isso, os clínicos que o atenderam no pronto-socorro suspeitaram da síndrome e foi solicitado o PCR para a identificação específica do vírus SARS/Cov-2, que à época só nosso laboratório era capaz de fazer”, conta Cristóvão Mangueira, diretor-médico do Laboratório Clínico do Einstein.

Um funcionário do laboratório Hermes Pardini trabalha no teste da doença do coronavírus (COVID-19) com amplificação por PCR, em Vespasiano, perto de Belo Horizonte, Brasil, em 23 de julho de 2020. Foto tirada em 23 de julho de 2020. REUTERS /

Funcionário de laboratório Hermes trabalha no teste da covid-19 – Foto Washington Alves/Reuters/Arquivo

Segundo Mangueira, a equipe responsável pelo diagnóstico estava em preparação desde os primeiros casos, em dezembro de 2019, e era liderada na época pelo médico João Renato Rebello Pinho, patologista clínico, e pela bióloga Rúbia Santana, pesquisadora com doutorado em virologia.

“Naquele momento, não existiam testes comerciais para a detecção do vírus da covid-19, então o único serviço que havia era o do Einstein. Desenvolvemos um teste dentro do laboratório, especificamente para o diagnóstico desse vírus. Isso foi feito com base em técnica desenvolvida na Alemanha, o chamado protocolo Charité. Os alemães já tinham sequenciado o vírus e descrito o método de PCR e, com essas informações, montamos o nosso teste”, lembra.

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A divulgação posterior foi feita após serem afastadas outras possibilidades. O caso foi notificado pela instituição às autoridades sanitárias no dia 25 de fevereiro, uma terça-feira de carnaval, com a folia lotando as ruas das principais capitais.

“A confirmação foi feita pelo Ministério da Saúde, em uma entrevista coletiva sem distanciamento ou máscaras, no dia 26. O então ministro Luiz Henrique Mandetta garantiu, segundo texto da própria pasta, que “a população brasileira teria todas as informações necessárias para que cada um tomasse suas precauções, que são cuidados com a higiene e etiqueta respiratória, como lavar as mãos e o rosto com água e sabão. Este é um hábito importante e higiênico para evitar não só doenças respiratórias como outras doenças de circuito oral”. As medidas, como se soube poucas semanas depois, eram ineficientes.

Dos primeiros casos às primeiras ondas

Os primeiros casos da doença foram registrados ainda em dezembro, na China, quando o governo avisou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que havia uma síndrome gripal nova, não identificada, com explosão de casos na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei. Não havia detalhes sobre como era transmitida ou de onde havia surgido: a resposta à primeira dúvida veio em março, quando a doença foi classificada como pandemia pela OMS, enquanto a segunda ainda não está de todo esclarecida, embora a hipótese mais aceita é de que tenha se originado de contaminação entre espécimes exóticos no mercado central da cidade de Wuhan. 

Wuhan, China - Covid-19 – Origens  -  Wuhan Institute of Virology.  Wuhan Institute of Virology is a research institute by the Chinese Academy of Sciences in Jiangxia District, south of the Wuhan city, Hubei province, China. Foto: WIV/Wikimedia

O Instituto de Virologia em Wuhan, na China. Foto WIV/Wikimedia

A quarentena em Wuhan foi decretada em 23 de janeiro. Cerca de cinco horas antes, durante a madrugada, foi anunciada ao exterior em redes sociais do governo chinês, inclusive em inglês, e restringia a  circulação de quem entrava e saía da cidade. No Brasil, a informação demorou ao menos dois dias para circular, ainda com olhar cético, e coincidiu com a proibição chinesa de viagens no feriado do ano novo chinês, historicamente a semana de maior circulação interna no país. 

No Brasil, além do paciente atendido no Einstein, outros casos eram investigados: “Até esta quarta-feira (26), 20 casos suspeitos de infecção pelo coronavírus são monitorados pelo Ministério da Saúde em sete estados do país (PB, PE, ES, MG, RJ, SP e SC)). Nesta quarta-feira (26), o Brasil registrou o primeiro caso de coronavírus, em São Paulo. Ao todo, 59 casos suspeitos já haviam sido descartados após exames laboratoriais apresentarem resultados negativos para o coronavírus”, explicava um release do dia 26/02/2020, do Ministério da Saúde.

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O então ministro Mandetta não descartou a necessidade de ações de vigilância, mas recuou quando os estados começaram a discutir as medidas de distanciamento. O Distrito Federal adotou as primeiras medidas em 11 de março, seguido nas semanas seguintes pelos principais estados. 

Primeiro dia de flexibilização do uso de máscaras ao ar livre no Estado do Rio de Janeiro.

População usa máscaras no centro do Rio durante pandemia de covid-19. – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

A escalada de casos e mortes e a demora de decretos federais de restrição de circulação foram decisivos para a interiorização dos casos que levaram a cerca de 700 mil mortes no país, durante o governo Jair Bolsonaro. Segundo estudo de 2022, de Thalyta Martins e Raphael Guimarães, “a pandemia de covid-19 desvelou no Brasil uma crise do Estado federativo. O contexto de instabilidade política, que vinha desde 2015, se tornou ainda mais caótico mediante a gestão ineficiente e pouco articulada da União na condução da crise sanitária, em que predominaram entraves de articulação intergovernamental, indefinição e sobreposição de atribuições e funções, barreiras na integração e execução de ações em tempo oportuno, protagonismo de alguns governos e negligência de outros, veiculação de informações contraditórias e com pouca transparência”. 

Saúde

Governo do Estado inicia novo serviço para pessoas com Doença Renal Crônica

Redação Informe ES

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Os pacientes que precisam de Terapia Renal Substitutiva (TRS) contam agora com novo serviço em Vila Velha. A Clínica NEFRUS, na Prainha, é a nova unidade contratada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde (Sesa), para atender a pacientes adultos. Na manhã desta quarta-feira (23), o governador Renato Casagrande, acompanhado pelo secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, conheceu as instalações e destacou a importância do serviço.

Estamos cuidando de quem mais precisa e contratualizamos uma clínica com 40 cadeiras para diálise. Os usuários do Sistema Único de Saúde vão encontrar nesse local a mesma qualidade encontrada na rede particular. Iniciaremos o serviço ainda esta semana com moradores da Região Metropolitana de Saúde. É o Governo do Estado seguindo na melhoria contínua do SUS para que o capixaba tenha dignidade na hora que mais precisa”, afirmou o governador.


O valor de investimento do Governo do Estado para esse serviço é de R$ 4,25 milhões em contrato de seis meses. O acordo prevê a realização de 50.928 atendimentos. O espaço conta com 40 poltronas para 182 vagas em atendimento adulto, distribuídas em quatro turnos, se necessário. Os mesmos pacientes serão atendidos mensalmente, totalizando 8.488 procedimentos, incluindo exames, consultas e outros serviços.  Desses procedimentos, 2.417 estão relacionados à hemodiálise.

O credenciamento da clínica foi realizado por meio da Superintendência Regional de Saúde Metropolitana. Além dessa nova clínica, a Secretaria da Saúde disponibiliza outros seis serviços de atendimento, totalizando um investimento de R$ 30 milhões.

Conforme o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (MS) de 2024 da Doença Renal Crônica (DRC) no Brasil, no Espírito Santo, em 2023, foram registrados 4.356 atendimentos de pessoas com DRC na Atenção Primária à Saúde (APS). O aumento em relação a 2022 foi de 49,18%, quando foram atendidos 2.290. Estima-se que no Estado, cerca de 10% da população, 278.966 pessoas, apresentem algum grau de doença renal, porém a maioria desconhece que tenha a doença.

O secretário da Saúde destaca o quanto é importante a atenção para a doença. “A Atenção Primária à Saúde tem um papel fundamental nesse processo, realizando ações de promoção da saúde, prevenção e diagnóstico precoce de pessoas suscetíveis e acometidas por doença renal crônica sob a perspectiva do cuidado integral à saúde. Por isso, o Governo do Estado, por meio da Sesa, oferta, a partir de agora, mais uma opção de serviço para os usuários do SUS acometidos pela doença”, ressaltou Tyago Hoffmann.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação do Governo
Giovani Pagotto
giovani.pagotto@gmail.com

Assessoria de Comunicação da Sesa
Syria Luppi / Luciana Almeida / Danielly Campos / Thaísa Côrtes / Ana Cláudia dos Santos
asscom@saude.es.gov.br

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Saúde

Governo Federal lança ação para vacinar 587,7 mil estudantes de escolas públicas do Espírito Santo

Redação Informe ES

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Entre os dias 14 e 25 de abril, escolas públicas de todo o país estarão mobilizadas para atualizar a caderneta de vacinação dos estudantes. A ação faz parte do Programa Saúde na Escola, que une esforços dos ministérios da Saúde e da Educação para ampliar a cobertura vacinal e proteger crianças e adolescentes. Participam 5.544 municípios, envolvendo 27,8 milhões de alunos de 109,8 mil escolas, que representam 80% das instituições da rede pública de ensino. É a maior adesão da história do programa criado em 2007. No Espírito Santo, todos os 78 municípios aderiram ao programa. São 587,7 mil alunos atendidos e 2.136 escolas pactuadas.

Conforme a faixa etária de indicação da vacina, serão aplicadas doses das vacinas contra febre amarela, tríplice viral (sarampocaxumba e rubéola), DTP (tríplice bacteriana)meningocócica ACWY e HPV. As ações contam com a participação dos profissionais do SUS, cujas equipes vão vacinar no ambiente escolar ou as instituições de ensino levarão os estudantes até uma Unidade Básica de Saúde, sempre com a autorização dos responsáveis. Haverá ainda checagem das cadernetas de vacinação para alertar pais e responsáveis sobre a necessidade de atualização. 

“A escola representa uma grande oportunidade para vacinarmos esse público. Estamos falando de crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos — uma faixa etária que, muitas vezes, frequenta menos as unidades básicas de saúde. Não é tão comum que pais ou responsáveis os levem até lá. Por isso, aproveitar o espaço escolar não apenas para divulgar, mas também, quando necessário, para realizar a vacinação e promover a campanha é fundamental”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha

Para viabilizar essa estratégia, o Ministério da Saúde destinou R$ 150 milhões, sendo R$ 15,9 milhões alocados para os estados e R$ 134 milhões, para os municípios, considerando o tamanho do território, as dificuldades logísticas, o número de escolas e as características e necessidades específicas de cada região. O Espírito Santo recebeu R$ 293,4 mil, já para as cidades do estado foram destinados R$2,1 milhões.

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Acesse a lista do valor destinado para os municípios do Espírito Santo 

A partir deste ano, a vacinação nas escolas passa a ser reconhecida como estratégia específica de imunização. As doses aplicadas nas escolas ou por encaminhamento escolar devem ser registradas com a opção “Vacinação Escolar”. O registro padronizado permitirá monitoramento mais preciso do impacto da iniciativa. 

Com a adesão histórica de municípios no Saúde na Escola, 4,3 milhões de estudantes passaram a ter acesso às ações de promoção da saúde e prevenção promovidas pelo programa desde 2022. Das 109,8 mil escolas participantes, 53,6 mil escolas têm maioria de alunos do Bolsa Família. Outras 2.220 escolas estão em territórios quilombolas e 1.782 escolas possuem indígenas incluídos. 

Houve um crescimento nas ações realizadas pelo Programa Saúde na Escola com foco na promoção da saúde de crianças e adolescentes. Entre 2022 e 2024, os maiores crescimentos foram registrados nas áreas de saúde mental (77,68%), atividade física (73,61%), saúde bucal (67,01%) e verificação da situação vacinal (35,30%), demonstrando o fortalecimento do cuidado integral no ambiente escolar. 

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Caderneta de Saúde da Criança ganha versão digital: famílias receberão alertas para a vacinação das crianças

Como parte das ações voltadas à saúde infantil, o Ministério da Saúde lança a Caderneta Digital de Saúde da Criança, agora integrada ao aplicativo Meu SUS Digital. Os dados serão lançados em tempo real por meio da Rede Nacional de Dados em Saúde. De forma inédita, as famílias poderão acompanhar o histórico de vacinas, com previsão para as próximas doses e envio de notificações com lembretes para a hora de vacinar a criança. 

O ministro detalhou os avanços e a praticidade que a Caderneta Digital de Saúde da Criança trará para as famílias e como auxiliará na promoção da saúde infantil. “São duas novidades que vêm com a caderneta digital, duas grandes vantagens para os pais. A primeira é o simples fato de ela existir: aquela situação em que o pai ou a mãe chega à unidade de saúde ou à escola e esquece a caderneta física, agora está resolvida — ela estará disponível no aplicativo. A outra é que a caderneta digital terá mensagens ativas, ou seja, vai enviar alertas para o responsável informando que chegou a hora de vacinar ou de tomar uma dose de reforço”, explicou Padilha. 

Com a versão digital da Caderneta, pais, mães, responsáveis e cuidadores ganham uma nova aliada na promoção da saúde infantil. Pelo celular, as famílias terão acesso a informações essenciais sobre os cuidados e o desenvolvimento das crianças desde os primeiros dias de vida. Ela reúne duas áreas fundamentais de atenção à saúde infantil: Registros de Saúde e Cuidados da Família. 

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Na seção Registros de Saúde, é possível acompanhar um panorama completo da saúde da criança, com informações sobre vacinação, crescimento, desenvolvimento infantil, saúde bucal e o histórico clínico. Já a área de Cuidados da Família oferece conteúdos interativos e educativos, com orientações práticas sobre amamentação, alimentação saudável, prevenção de acidentes, uso consciente de eletrônicos, combate à violência, prematuridade e outros aspectos essenciais para o bem-estar infantil. Todos os conteúdos educativos da versão física da Caderneta agora também estão disponíveis de forma digital e interativa, em um espaço exclusivo no app. 

Como acessar a Caderneta Digital de Saúde da Criança

O acesso à Caderneta Digital de Saúde da Criança no aplicativo Meu SUS Digital é simples e permite que pais e responsáveis acompanhem de perto a saúde e o desenvolvimento infantil. Para utilizar o serviço, é necessário que tanto o responsável quanto a criança possuam contas ativas no Gov.br

Confira o passo a passo para utilizar o serviço:

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1. Instale o aplicativo

Baixe o aplicativo Meu SUS Digital gratuitamente nas lojas oficiais:

2. Entre na sua conta

  • Abra o aplicativo Meu SUS Digital
  • Faça login com seu CPF e senha do Gov.br

3. Acesse a Caderneta da Criança

  • Na tela inicial, vá até a seção Miniapps
  • Selecione o miniapp “Caderneta da Criança”
  • Clique em “Adicionar nova criança”
  • Leia e aceite o Termo de Responsabilidade
  • Informe o CPF da criançae a senha da conta Gov.br dela
  • Após a validação, a criança será vinculada à sua conta, e a caderneta estará disponível 

Após esse processo, o responsável terá acesso à Caderneta da Criança e poderá acompanhar dados tudo direto do celular ou navegador com praticidade e segurança.

Saiba mais sobre a Caderneta Digital da Criança

Ministério da Saúde

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Saúde

Movimento é remédio: a atividade física como aliada no tratamento da depressão

Redação Informe ES

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Esportes modulam a liberação de substâncias na massa cinzenta

Parecem números de uma epidemia que não pretende arrefecer. Estima-­se que mais de 280 milhões de pessoas vivam com depressão no planeta — um aumento de 45% nas três últimas décadas. No Brasil, os estudos apontam que entre 10% e 17% da população sofre com a sensação de tristeza profunda e a falta de vontade de levantar da cama. Se, por um lado, o diagnóstico do transtorno mental está mais apurado, por outro, a rotina apressada e conturbada, com menos momentos de lazer, descanso e socialização real, alimenta a disparada nos casos. A boa notícia é que, à medida que as pesquisas avançam e o assunto sai da zona do tabu, aumenta também o número de pessoas que, devidamente orientadas, conseguem controlar os sintomas depressivos. Na receita médica, além de remédios e terapia, um item que não pode faltar mais é a atividade física.

Não é de hoje que se vislumbra o impacto terapêutico dos exercício no cérebro. Mas, se ainda havia alguma dúvida a respeito, uma robusta revisão da literatura médica vem desfazê-la. De acordo com o trabalho, publicado no conceituado periódico The British Medical Jourrnal, corrida, caminhada, natação e companhia podem ser tão proveitosos contra a depressão quanto os medicamentos. “O questionamento não é mais se a atividade física é efetiva para a saúde mental, mas como e por que ela funciona”, diz o psiquiatra Alaor Carlos de Oliveira Neto, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. “Já está bem claro que ela ajuda a aliviar sensações como perda de interesse e apatia.”

Nesse sentido, o que os especialistas estão percebendo é que as sessões de atividades aeróbicas e musculação — bem como outras doses de movimento no cotidiano — exercem repercussões nos neurônios no curto e no longo prazo. Mas como o suor se converte em benefícios antidepressivos? Cientistas já descortinaram que a atividade física moderada ou intensa instiga a liberação de neurotransmissores ao bem-estar e à supressão do estresse, caso da serotonina e da endorfina. Mas as explicações não se limitam à pura biologia. “O exercício costuma proporcionar uma sensação de realização e autoeficácia, além de oferecer oportunidades de interação social”, afirma o fisiologista Ben Singh, da Universidade do Sul da Austrália, que investiga o potencial da malhação nos transtornos psiquiátricos.

Na realidade, não apenas a corrida de rua (ou na esteira) e o levantamento de peso na academia surtem resultados, como também práticas com um aspecto mais meditativo, caso da ioga, que trabalha postura, respiração e concentração, atributos bem-vindos à mente.

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É evidente que o exercício não cura sozinho uma depressão. Colocando em perspectiva, é preciso levar em consideração a gravidade do quadro e lembrar que o movimento não exclui remédios e psicoterapia. Até porque um desafio para o paciente nessas circunstâncias é superar a desmotivação que pode tornar a prática inviável.

Outro ponto de atenção é que a atividade física precisa estar atrelada a algo que remeta ao prazer ou ao ganho de saúde. A pura obrigação pode ter um efeito negativo. “Nós temos dados que mostram que as atividades realizadas fora do momento de lazer, por causa do trabalho ou do deslocamento longo, estão associadas a uma piora da depressão”, diz o educador físico Heitor Pasquim, professor do Saúde e Sociedade, da Universidade Federal de São Paulo.

Por essas e outras, tem-se defendido que, na hora de esquematizar o plano terapêutico, o médico já deveria traçar coordenadas realistas, mais fáceis de implementar com o apoio de um educador físico. Isso, é claro, esbarra em outro ponto sensível na realidade brasileira: o acesso. Hoje, a mensalidade em uma academia pode superar facilmente 10% do salário mínimo. Mas uma caminhada diária demanda apenas um tênis. Além disso, prefeituras têm se empenhado em criar programas gratuitos com a missão de estender os exercícios (e suas vantagens físicas e psíquicas) a um maior número de cidadãos. Faz sentido: a epidemia de depressão já está batendo à porta.

Publicado em VEJA de 11 de abril de 2025, edição nº 2939

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