Negócios
A Mulher por Trás das Carreiras de 80 Mil Pessoas na PepsiCo
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Psicóloga de formação, a mexicana Gabriela García Cortés entrou no mundo corporativo por acaso e aproveitou a habilidade com pessoas para conquistar seu espaço. “Nunca pensei que faria mais terapia dentro da organização do que fora”, brinca a Chief People Officer da PepsiCo, hoje responsável pelo desenvolvimento de cerca de 80 mil profissionais na América Latina.
Gabriela começou a carreira na Kraft e chegou à PepsiCo há 16 anos como a primeira mulher a liderar o RH em vendas. Em uma equipe totalmente masculina, ser diferente era, mais do que um desafio, seu grande trunfo. “Todos tinham uma visão homogênea e eu sentia que podia desafiar isso”, lembra ela, que também assumiu uma responsabilidade extra: “Criar as condições para ter mais mulheres na área”.
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Esse trabalho intencional, impulsionado pela CEO na América Latina, Paula Santilli, se reflete em números expressivos de mulheres no alto escalão da companhia. A meta global é alcançar a paridade de gênero até 2025, mas a região já sai na frente. No Brasil, elas são 49% dos líderes e o comitê executivo, no país e na América Latina, é 60% feminino. “Precisamos colocar mulheres e grupos minorizados em posições que façam a diferença.”
Agora, a empresa, que teve lucro líquido de US$ 2,93 bilhões no terceiro trimestre de 2024, busca avançar na agenda racial. A meta é chegar a 30% de pessoas pretas em posições de liderança no país até o próximo ano (hoje são 29%) e os objetivos são acompanhados de iniciativas que apoiam os funcionários e suas famílias em diferentes momentos da vida.
Defina suas prioridades
A carreira sempre acaba levando a executiva ao aeroporto – coisa que ela adora. “Deve fazer parte do meu DNA porque duvido que alguém gostaria de viajar tanto quanto eu”, diz. Gabriela foi expatriada, morou em Nova York para assumir uma posição global e hoje viaja especialmente pela América Latina para estar perto dos diferentes mercados – que ela garante que não são tão diferentes assim.
A rotina intensa de trabalho e viagens exigiu concessões, especialmente quando teve sua filha, hoje com 24 anos. “Em vários momentos, priorizei minha carreira em detrimento da vida pessoal. Se você não definir suas prioridades, outra pessoa vai fazer isso por você.”
E é mais fácil fazer isso quando se tem clareza de onde quer chegar. “Minha prioridade é abrir portas para que as mulheres não enfrentem as mesmas dificuldades que eu.”
Abaixo, Gabriela García Cortés, Chief People Officer da PepsiCo, conta como construiu sua carreira e como enxerga o papel da liderança hoje.
Forbes: Como psicóloga, como você entrou no mundo corporativo?
Gabriela Cortés: Estudei psicologia clínica, e meu plano inicial era trabalhar em consultório e em hospitais. Mas bem cedo percebi que o trabalho em um hospital psiquiátrico era muito estressante e que, para atender pacientes, precisaria de muito mais experiência. Com 23 anos, me dei conta de que era muita pressão para alguém tão jovem e que precisava de mais bagagem para lidar com tudo aquilo. Entrei no mundo corporativo por acaso; nunca me especializei em psicologia organizacional ou em áreas relacionadas.
E como foi esse início no mundo corporativo?
Fui para a Kraft Foods, no setor administrativo, em uma função muito operacional, que achei chata, mas foi ótima para entender as bases de recursos humanos. Acabei ficando na Kraft por 12 anos, fui expatriada duas vezes; trabalhei no corporativo em Nova York, liderei o talent management e o desenvolvimento organizacional para a América Latina. Em meu último cargo na Kraft, participei de um projeto de vendas para entender o DTS (canal tradicional), o que me levou ao mercado, onde o principal concorrente era a PepsiCo. Para realizar meu projeto na Kraft, passei um ano estudando a PepsiCo, seus produtos e o modelo de negócios, que dominava todas as lojas. Quando um headhunter me procurou para um cargo na PepsiCo, eu já conhecia bem a empresa.
Por que você decidiu ir?
Minha chegada à PepsiCo foi interessante. Fui convidada para trabalhar em vendas e me disseram que seria a primeira mulher na história da empresa no México a atuar nessa área – até então, não havia mulheres. Além disso, o cargo era em Monterrey (a mais de 900 km da capital), mas me permitiram morar na Cidade do México e fazer commuting, o que, há 16 anos, era incomum. Encarei como um grande desafio ser a primeira mulher em vendas e trabalhar remotamente em uma época em que isso não era comum. Entrei em uma área onde todos eram homens e já trabalhavam na empresa há 25, 30 anos, então eu era a mulher nova. Decidi que passaria um ano aprendendo e conhecendo a empresa para ter o mesmo sucesso que tive na minha experiência anterior. Passei a acompanhar o pessoal de vendas, indo ao mercado às 5 da manhã, vendendo com os vendedores. Uma das decisões importantes que tomei foi me comportar como mais uma vendedora, e não como diretora, para me conectar de verdade com eles. Então, usava o uniforme de vendas e acompanhava o time às 5 ou 6 da manhã nas rotas, ajudando a organizar e limpar os produtos, e assim descobri tudo o que não funcionava.
Qual a importância de estar na linha de frente e conhecer os funcionários?
A PepsiCo é uma empresa muito focada nas pessoas, especialmente na equipe de vendas. Aprendi rápido sobre o negócio, e hoje, 16 anos depois, posso dizer que foi uma das experiências mais importantes que tive. Depois disso, passei por vários papéis corporativos, indo para Nova York em um cargo global de cultura e engajamento. Tive uma posição regional em alimentos e bebidas, liderando talent acquisition, depois liderei a área de recursos humanos para toda a América Latina, exceto Brasil e México. Mais tarde, fui para o México, o segundo mercado mais importante da PepsiCo fora dos Estados Unidos. E, há dois anos, assumi como Chief People Officer para a América Latina. Muitos aprendizados e um grande crescimento.
Como era, na prática, ser a primeira mulher em vendas?
Eu não me senti tratada de forma diferente, embora provavelmente tenha sido. Decidi ignorar algumas coisas e não dar atenção. Por exemplo, meus colegas de vendas me faziam passar por certas situações para ganhar o direito de ser parte do time. Eles falavam: “Te vejo amanhã em Curitiba às 5 da manhã.” Meu time dizia para eu não ir, que estavam fazendo isso para me testar. Mas eu pensava: “Vou fazer. Isso não vai me custar nada, e se é importante para eles, vou encarar.” E me divertia mais do que me sentia ofendida. Eu ia onde me chamavam e, depois, ninguém podia questionar minha dedicação.
Costumo dizer para minha filha e para colegas mulheres que é importante escolhermos o nosso papel. Algumas coisas não vão ser permitidas, e devemos levantar a voz quando necessário. Mas também temos a responsabilidade de ocupar o espaço, fazer ouvir nossa voz e abrir caminho para as próximas gerações. Senti que estava em uma posição privilegiada quando assumi vendas, e encarei mais como um privilégio do que um risco.
Precisamos colocar mulheres e grupos minorizados em posições que façam a diferença. Ser a única mulher me deu permissão para dizer o que ninguém mais dizia. Todos tinham uma visão homogênea, e eu sentia que podia desafiar isso, justamente por ser diferente. Há muitas vantagens quando entramos com uma mentalidade de diferença. Entendo que essa era a minha condição e que outras mulheres podem não ter as mesmas condições. Por isso, nós que estamos em posições de liderança temos a responsabilidade de levantar a voz e promover ambientes mais equitativos. Se as consumidoras são mulheres, como é possível que não haja mulheres na equipe? Me parecia totalmente impensável e era minha responsabilidade criar as condições para ter mais mulheres. Foi isso que tornou o cargo motivante.
Como seu background em psicologia ajudou a construir sua carreira?
Nunca imaginei que ser psicóloga me ajudaria tanto no mundo corporativo, especialmente em recursos humanos, onde tudo se relaciona com o entendimento e o conhecimento do ser humano. Somos uma organização centrada nas pessoas, o que significa entender a pessoa como um todo, não apenas o lado profissional, mas também de onde ela vem, o que gosta, qual sua história familiar, suas necessidades. Quando se entende a pessoa por inteiro e cuida dela dessa forma, os resultados são muito melhores.
Trabalho muito com o comitê executivo da América Latina, com os presidentes de cada país, e percebo que, ao entendermos cada pessoa, o impacto é maior. Nas reuniões, discutimos o que cada um precisa, seus medos, o momento de vida que estão passando, e isso ajuda muito. Nunca pensei que faria mais terapia dentro da organização do que fora, mas a verdade é que converso muito com as pessoas e isso tem sido de grande ajuda.
No início da sua carreira, como era a abordagem da liderança? O que mudou?
No início da minha carreira, as empresas tinham uma estrutura muito hierárquica e separavam muito a vida pessoal da profissional. A forma de enxergar o trabalho era bem diferente do que é hoje. Houve uma evolução importante, principalmente por causa das novas gerações, que têm expectativas diferentes. Existe agora uma necessidade de um estilo de liderança mais genuíno, transparente e autêntico. As novas gerações não seguem um líder apenas porque ele diz que é um líder. Se você não é convincente, coerente e transparente, elas não vão te seguir. Isso transformou a forma como as organizações lidam com as pessoas. Hoje, há a expectativa de uma liderança mais integral, vulnerável e próxima.
Você acredita que as mulheres têm uma vantagem nesse aspecto?
Acredito que as mulheres são menos treinadas a seguir o perfil corporativo tradicional e, de alguma forma, têm mais “permissão” social e cultural para serem vulneráveis. Por isso, é um pouco mais fácil compartilharmos outros aspectos da nossa vida, já que o trabalho é uma parte, mas não a única. Desempenhamos outros papéis culturais e sociais e estamos acostumadas a compartilhar isso. Sinto que os homens são mais focados em desempenhar um papel e cumprir a expectativa de serem provedores, fortes e não demonstrarem emoções – uma série de coisas para as quais as mulheres têm mais permissão. No entanto, acredito que as mulheres também foram “masculinizadas” para se encaixarem no mundo corporativo.
Isso aconteceu com você?
Aconteceu um pouco. Sentia que precisava ser direta, orientada para resultados e deixar um pouco de lado a parte mais integradora. Agora, estamos voltando a valorizar muito essas qualidades e treinando também os homens a entender que é permitido ser vulnerável, que isso traz coragem e crescimento. Mas, para eles, não é sempre algo natural.
Quais momentos foram mais importantes para chegar até aqui?
Fiz muitos sacrifícios na minha vida pessoal, tive muitos desafios e momentos em que eu não sabia o que esperavam de mim, e precisei ser paciente. Também houve situações em que me senti deslocada, mas entendi que isso fazia parte da curva de aprendizado. É essencial estar consciente dos sacrifícios que fazemos. Não posso culpar a empresa pelo meu divórcio; foi uma escolha minha. Da mesma forma, foi minha decisão quando priorizei a carreira em vez de passar mais tempo com a minha filha. É fundamental ter clareza sobre as escolhas que fazemos, porque a responsabilidade é nossa.
Você pode decidir não avançar na carreira para priorizar sua vida pessoal, e está tudo bem, mas é preciso ser responsável pelas consequências dessas decisões. Algumas foram positivas, outras nem tanto, mas, no final, posso dizer que repetiria muitas delas. Em vários momentos, priorizei minha carreira em detrimento da vida pessoal, e isso me trouxe grande satisfação, especialmente ao encontrar meu propósito profissional: abrir caminho para outras mulheres, usar minha posição para garantir que, pelo menos na PepsiCo, as pessoas sejam valorizadas e respeitadas. É uma prioridade minha abrir portas para que as mulheres não enfrentem as mesmas dificuldades que eu. Meu trabalho me permite fazer isso diariamente, e é por isso que esses sacrifícios são mais fáceis para mim. Sempre acreditei que, se você não definir suas prioridades, outra pessoa vai fazer isso por você. Precisamos saber o que é inegociável e o que podemos flexibilizar para continuar crescendo e aproveitando as oportunidades.
Quais são as iniciativas dentro dessa agenda de bem-estar e com foco nas pessoas que você comentou?
A Pepsico tem programas voltados para os cuidados emocionais e físicos das pessoas há bastante tempo. Temos uma linha telefônica chamada “Care” em que qualquer colaborador pode ligar para falar sobre a perda de um animal de estimação, o roubo do carro ou mesmo sobre problemas de depressão, e buscamos ajudar com encaminhamentos. Além disso, não cuidamos apenas do funcionário, mas de toda a família. Temos programas muito bacanas que incluem suporte em temas de fertilidade, oferecemos apoio à adoção e em questões ligadas ao crescimento familiar e pós-parto. Podemos estender a licença-maternidade e a mesma política pode ser aplicada para o pai, o que promove um papel mais ativo e presente dos homens.
Também temos treinamentos para líderes sobre temas como racismo e machismo. Outro exemplo é a flexibilidade. Normalmente, a prática de “short fridays” é voltada aos funcionários corporativos, mas não se aplica ao pessoal das operações e fábricas. Por isso, oferecemos a eles mais dias de férias para compensar. Também temos muito orgulho do nosso plano de pensões para o front-line, um programa que promove mobilidade social, com alternativas de renda para que possam crescer mais do que o governo ou outras empresas oferecem. Hoje, não conheço outra organização que tenha algo assim.
Hoje, a PepsiCo tem quase 50% de mulheres na liderança no Brasil. Como vocês chegaram nesse ponto?
A meta da PepsiCo é alcançar a paridade de gênero (50/50) até 2025, e aqui no Brasil estamos com 49% de mulheres em posições de liderança e 60% no nível executivo. Na América Latina, temos a vantagem de ter uma presidente mulher, com 60% de mulheres no comitê executivo e um foco claro no desenvolvimento feminino. Isso ajuda bastante, porque contamos com uma grande patrocinadora que impulsiona as iniciativas que propomos. Trabalhamos com uma agenda voltada para todos os níveis da organização, e isso é fundamental, porque é fácil trazer mulheres para níveis mais baixos, mas a diferença só acontece se tivermos mulheres em posições de liderança.
Temos diversos programas de desenvolvimento para mulheres em diferentes estágios da carreira. Um exemplo é o programa “Strong Her”, voltado para operações, uma área em que não é fácil ter mulheres. Esse programa busca desenvolver liderança, comunicação assertiva, negociação e branding pessoal, habilidades essenciais para mulheres em operações. Outro programa é o “Inspira”, que é voltado para mulheres em cargos de liderança gerencial e superiores. Inicialmente, esse programa era exclusivo para mulheres, mas percebemos que era necessário incluir os homens para criar um ambiente de complementaridade e colaboração. Temos programas de mentoria e mentoria reversa e outro programa que adoro é o “Sponsorship”, que conecta as mulheres jovens de alto potencial com um sponsor que vai representá-las em todos os lugares que falarem sobre elas e dizer que elas estão prontas para que cresçam mais rápido.
Estamos muito focados na agenda de desenvolvimento e crescimento das mulheres, mas isso não é fácil. Por vezes, perdemos mulheres em momentos decisivos de suas vidas. Para contornar isso, oferecemos programas de flexibilidade, como o de maternidade. No Brasil, por exemplo, após seis meses de licença-maternidade, a mulher pode voltar a trabalhar gradualmente, com metade da carga horária no primeiro mês de retorno. Esse é um momento delicado para as mulheres, e é crucial que possamos apoiá-las nesse processo.
Como foi a maternidade para você?
Posso te dizer, e minha filha confirmaria, que não sou uma mãe muito tradicional. Encontrei uma forma de ser mãe em diferentes momentos sem me sentir culpada por isso. Desde o início, ela foi para a creche com apenas 40 dias de vida porque eu sempre soube que não queria pausar minha carreira e consegui ficar em paz com essa decisão. Enfrentei vários desafios, como quando ela perguntava: “Quando vou tirar férias?”. E eu respondia que seria quando eu pudesse estar de férias com ela.
Com seis anos, dei um celular para ela e todo mundo me criticou. Mas eu viajava o tempo todo e precisava encontrar um mecanismo de ter uma linha de comunicação direta com ela. Era o que funcionava para nós.
Ela viaja desde os quatro meses de idade, me acompanhou em viagens de trabalho e se mudou comigo quando fui expatriada. Algumas vezes foi tudo bem, outras nem tanto, dependendo da sua idade e do novo país e fomos ajustando no caminho. Foi assim que conseguimos construir uma relação próxima e significativa. Hoje, ela é psicóloga e DJ, e está muito bem.
Como foi ser expatriada?
Ser expatriada é um desafio porque, muitas vezes, as políticas são desenhadas para uma família tradicional em que uma pessoa cuida da casa e a outra trabalha. Quando você é responsável por tudo, desde resolver questões pessoais até entregar resultados de alto nível, a pressão é grande e é muito estressante. Precisa encontrar mecanismos para tornar esse processo mais simples, mas posso dizer que cada uma das minhas experiências me fizeram crescer muito e faria de novo, mas de forma diferente. Contar com uma rede de apoio pode facilitar a adaptação da família. Como mulheres, temos um pedido para fazer para as organizações e para a nossa rede de apoio para que isso seja mais equilibrado.
Quem é a Gabriela para além do trabalho?
Sou uma mulher apaixonada, congruente com o que digo e faço. Trabalho com algo alinhado ao meu propósito, e, se não fosse assim, eu estaria em outro lugar. Amo viajar, aprender com novas culturas e conhecer pessoas. Sou fascinada pelo ser humano, por isso estudei psicologia e desenvolvimento humano. Acredito que, se tiver o contexto certo, qualquer pessoa pode alcançar o que quiser. Adoro ler, especialmente sobre psicologia e desenvolvimento pessoal. Gosto de exercícios, vinho, chocolate e amo minha filha. É uma grande satisfação ter uma filha mulher e ver nela uma mentalidade diferente, e sou uma incentivadora fiel de todas as mulheres ao meu redor.
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O Que Fazer (e o Que Não Fazer) na Festa de Fim de Ano da Firma
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Na reta final do ano, chegam as festas de confraternização da firma. Seja em um grande evento com toda a empresa ou em um happy hour com colegas e chefes da sua área, é importante não se esquecer de que você ainda está em um ambiente de trabalho. “As festas são para confraternizar e se relacionar principalmente com quem não é do seu dia a dia. Mas lembre que o dia seguinte existe”, diz Martha Leonardis, fundadora e CEO da New Connect, empresa de networking internacional.
Sim, esse é um bom momento para comemorar as metas batidas e os projetos entregues, se aproximar de líderes ou conhecer pessoas de outros setores, mas cuidado com o que for falar depois de um drink ou outro. “A confraternização da empresa não é uma festa com os amigos, embora possa parecer”, afirma Raphael Rezende, palestrante e LinkedIn Top Voice, conhecido nas redes como Rapha do RH. “Existem regras de conduta subliminares a serem respeitadas”, diz Eliete Gomes, head de coaching na LHH, uma das maiores empresas globais de consultoria de carreira.
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A chance rara de ver os colegas em um contexto mais descontraído pode levar muitos a ultrapassar os limites. Suas atitudes e interações durante o evento podem impactar a forma como você é percebido por colegas e superiores. Leonardis define as melhores práticas para esse tipo de evento: “Roupas discretas, pouca bebida e sem romance”.
O ideal para conseguir curtir esses eventos pessoal e profissionalmente é encontrar equilíbrio. É possível interagir de forma descontraída e até se soltar um pouco sem ultrapassar os limites profissionais. “Em um ambiente mais leve, as histórias se conectam e podem abrir portas, tanto no lado profissional quanto no pessoal”, diz Rapha do RH.
Veja 10 dicas do que fazer – e o que não fazer – na festa de fim de ano da empresa
1. Não deixe de ir
Mesmo que você não tenha muita afinidade com o chefe ou os colegas, é recomendável comparecer à festa, já que ela costuma ser vista como uma “obrigação social” no ambiente corporativo.
2. Pense na melhor roupa para a ocasião
Informe-se sobre o dress code para saber se o evento será formal ou mais casual e escolha uma roupa adequada à ocasião. A imagem também conta. “Siga o código de vestimenta indicado no convite. Se não houver um, opte por algo elegante e profissional, mas confortável”, diz Eliete Gomes, Master Coaching Latam na LHH.
3. Pode beber?
Beber um drink, uma cerveja ou uma taça de vinho é perfeitamente aceitável, mas o mais importante é beber com moderação. Ninguém quer dar vexame na frente do chefe. “Nada é pior do que um colaborador embriagado e inconveniente”, afirma a consultora da LHH.
4. Fure a bolha
Na festa, foque em participar de conversas educadas e amigáveis com pessoas diferentes do seu convívio no dia a dia. “Durante o expediente, acabamos conversando só com colegas da nossa área, o que limita trocas, novas ideias e nos impede de ampliar a visão de negócio”, diz Rapha do RH. “Saia da zona de conforto e troque com pessoas diferentes”, sugere Martha Leonardis.
5. Nada de falar de trabalho
Não transforme a festa em uma reunião de trabalho. Faça perguntas, compartilhe histórias leves e evite assuntos polêmicos, como política ou temas que possam gerar desconforto. “Em um ambiente social, você pode aproveitar para falar de viagens, hobbies, lifestyle. Isso conecta e aproxima”, sugere a CEO da New Connect. “Nas conversas, seja claro e direto, sem monopolizar o tempo dos outros. Preste atenção ao que os outros estão dizendo e faça perguntas pertinentes”, diz a executiva da LHH.
6. Não se isole
Se você não conhece muitas pessoas na festa, especialmente em tempos de trabalho remoto, algumas estratégias podem ajudar. Se estiver sozinho, busque pessoas com quem já conversou ou que gostaria de conhecer. “Não tenha medo de se apresentar a pessoas que você ainda não conhece, especialmente líderes e colegas de outros departamentos”, diz Eliete Gomes, head de coaching na LHH. “Se a conversa fluir bem, sugira trocar contatos para continuar a conversa em outro momento. Isso pode ser feito de maneira casual, como adicionar no LinkedIn.”
Pense em temas em comum para iniciar uma conversa ou fale da própria festa. Evite perguntas de “sim” ou “não”, tente abordar temas mais amplos. Momentos de silêncio podem ser constrangedores, mas fazem parte. “Interagir, mesmo que de forma leve, é importante para evitar interpretações negativas”, diz Rapha do RH. Para os mais introvertidos, como ele, a sugestão é já pensar em assuntos e se preparar antes de chegar ao evento.
7. Reforce relacionamentos
Além de buscar novas conexões, valorize e reforce as relações com colegas e superiores. É o momento de se aproximar mais e falar de outros temas além do trabalho. “Para quem trabalha remotamente, é a chance perfeita de interagir pessoalmente”, afirma o especialista. Nada como o olho no olho.
8. Evite flertes e ultrapassar limites pessoais
Mesmo que o ambiente seja informal, esse ainda é um evento de trabalho. Comportamentos inadequados podem ser mal interpretados e até levar a demissões. “Mantenha uma distância confortável e evite ser invasivo. Observe as reações das pessoas para garantir que elas estejam à vontade”, diz Eliete Gomes.
9. Fuja de fofocas
Não participe de conversas que envolvam fofocas sobre colegas, críticas ao chefe ou comentários negativos sobre a empresa. O que é dito na festa pode se espalhar pelo escritório, prejudicando sua reputação.
10. Não exagere nas redes sociais
De novo, a festa da firma não é uma festa com seus amigos. Então cuidado ao postar fotos e vídeos. “Respeite a privacidade dos colegas e do ambiente. O evento é social, mas ainda vinculado à empresa”, diz o especialista em carreira.
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Por Que o Salário Mínimo Importa até para Quem Ganha Muito Mais?
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
O salário mínimo é a base de sustento para milhões de brasileiros, mas o seu impacto vai muito além daqueles que recebem o piso definido por lei. Em geral, ele determina o poder de compra, distribuição de renda e o custo de vida de todos os brasileiros.
Segundo números do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 59,3 milhões de pessoas recebem o valor. E, atualmente, há uma mudança importante em discussão no Congresso e que pode afetar muito mais pessoas.
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Uma das medidas mais bem recebidas pelo mercado financeiro, o governo enviou uma mudança na forma de reajuste no salário mínimo. Atualmente, o governo utiliza a inflação e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para definir o novo valor atualmente. A nova proposta quer limitar os novos valores a um crescimento de 2,5%.
Salário mínimo: muito além do salário
A nova medida, assim como o salário mínimo, não impacta apenas quem recebe o valor do piso salarial brasileiro. Ela influencia o consumo interno e a demanda por produtos e serviços de maneira significativa, já que no Brasil grande parte da população recebe rendimentos diretamente ou indiretamente atrelados a ele.
Além de ditar os valores de diversos benefícios sociais, como aposentadorias e seguro-desemprego, ele também cria uma pressão por alterações em outras faixas salariais, já que muitos contratos coletivos e negociações utilizam o salário mínimo como base para aumentos.
Ou seja, profissionais de alta renda têm os seus aumentos vinculados a índices que, de forma indireta, são influenciados pelo reajuste do mínimo.
Segundo Lucas Almeida, sócio da assessoria AVG Capital, o impacto é mais visível em setores como o de serviços, já que os salários intermediários costumam ser ajustados de forma proporcional. Como resultado, mesmo quem ganha acima do mínimo sente os efeitos, seja por meio de aumentos salariais ou pelo impacto nos custos de produtos e serviços.
“Algumas empresas que pagam salários acima do mínimo ainda dependem de insumos fornecidos por trabalhadores que recebem o piso salarial”, diz. Consequentemente, a alteração no salário pode gerar uma cadeia de custos que afete até grandes corporações, pressionando-as a reajustar preços.
Mesmo assim, tanto Almeida, quanto o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Felipe Queiroz, alertam que uma política de incentivo ao crescimento real do salário mínimo não apenas melhora a qualidade de vida da população como também estimula o emprego e a indústria. “Quando a economia cresce, os salários aumentam, e o consumo acompanha esse crescimento”, explica Queiroz. E todas essas mudanças influenciam todas as classes sociais.
E a inflação?
Quando o salário mínimo aumenta, há um movimento para que os preços acompanhem esse crescimento. Ou seja, mesmo quem ganha muito mais que o piso sente as consequências do aumento do custo de vida. No entanto, o impacto na inflação varia conforme o contexto econômico.
De acordo com a teoria econômica, a Curva de Phillips descreve uma correlação entre inflação e mercado de trabalho, especialmente em situações de pleno emprego. Quando a economia está próxima ou atinge o pleno emprego, os aumentos salariais tendem a pressionar os preços, gerando inflação. Porém, quando a economia está longe do pleno emprego, como é o caso atual brasileiro, há espaço para expandir os fatores de produção. Ou seja, aumentar a oferta de empregos sem gerar uma pressão inflacionária significativa.
Para o Brasil, o impacto inflacionário do salário mínimo ocorre em situações específicas, e não de forma generalizada. O economista Felipe Queiroz destaca um exemplo histórico: o período de 2012 a 2013. “Naquele momento, o mercado de trabalho estava aquecido, havia aumento da renda real e uma transição na pirâmide social brasileira, com pessoas saindo da base e ingressando em uma nova classe média”, explica.
Esse movimento resultou em um crescimento da demanda por bens que antes não eram tão consumidos, gerando uma pressão inflacionária. “No entanto, após 2014, com a crise econômica e política, agravada pela pandemia, não vivenciamos um cenário semelhante, já que o país enfrenta o uso insuficiente da capacidade produtiva, limitando o impacto inflacionário de reajustes no salário mínimo”, afirma Queiroz.
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De Onde Nascem Os Burnouts?
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Burnout. Esse é o nome chique para classificar o esgotamento advindo das atividades profissionais. Síndrome comum, nos dias atuais, onde cada vez mais se associa o valor das pessoas ao que elas conseguem produzir.
Mas o que leva um humano a se portar como máquina? O que leva alguém a querer produzir mais do que o seu combustível permite? De onde, afinal, nascem os burnouts?
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É inquestionável a sede que pessoas têm para se tornarem cases de sucesso. Nos despedimos da geração coca-cola e nos deparamos com a geração startup. Se antes os jovens sonhavam em serem rockstarts, hoje o alvo é serem protagonistas de um IPO ou founders de um unicórnio.
Mas, embora a métrica de sucesso tenha mudado, o gatilho permanece o mesmo: a vontade de ser aplaudido e reconhecido.
Buscar sucesso para preencher a lacuna interna da autoestima não é um movimento novo. A novidade agora é que a velocidade na qual as coisas mudam é assustadoramente maior. Não é apenas sobre alcançar o topo, mas sobre não se afogar a cada onda nova do mercado. Manter-se atualizado na era digital não é tarefa simples.
Lulu Santos já dizia que “tudo muda o tempo todo no mundo”. Mas cantou essas palavras em melodia calma, leve, serena. Num ritmo que destoa da velocidade do mundo atual. No mundo de hoje, para a poesia de Lulu ser realista, precisaria ser acelerada na velocidade 2 do whatsapp.
Se até as conversas pessoais hoje acontecem em velocidade dobrada, como não sermos seduzidos pela pressa que nos envolve? Se analisarmos friamente, esgotamento parece ser o único destino possível daqueles que nutrem a intenção de serem produtivos.
Mas não é.
A verdade é que se ligarmos o piloto automático, o convite para viver a vida na mesma rapidez dos áudios de whatsapp vence. É fácil, sim, tropeçar em urgências que não são urgentes e nos tornarmos mais ocupados do que precisamos ser.
Glorificamos tanto o trabalho que, num deslize, invertemos as prioridades e começamos a crer que estar sempre sem tempo é nobre. Mas a verdade é que estar ocupado não é sinônimo de produtividade.
A objetividade e assertividade nos fazem produtivos. A ansiedade e a pressa nos tornam ocupados. E uma das formas mais comuns de procrastinação é manter-se ocupado daquilo que não é de fato importante, enquanto o que realmente nos traria resultado é deixado para depois. E é daí que nasce o vício nada virtuoso de fazer sempre mais, ao invés de buscar sempre fazer melhor.
Burnouts nascem daquilo que ocupa a agenda mas não nos aproxima dos nossos objetivos. Nasce da crença equivocada de que esforço é sinônimo de virtude. Quando, no fundo, a maior virtude é saber limpar da agenda o esforço que não nos aproxima do nosso destino. Ser esforçado não nos leva longe. Ser estratégico, sim.
Burnouts nascem do automatismo. É da falta de respiro que surgem os esgotamentos. Da falta de hábitos que qualifiquem a nossa energia. Da displicência com nossa saúde física e emocional. De falta de clareza sobre os nossos limites. Da falta de disciplina que nos faz perder o sono pensando onde vamos aplicar nosso dinheiro sem considerar que nosso recurso mais precioso é aquele que não poderá ser recuperado por fundo ou empresa nenhuma: o tempo.
Burnouts nascem do desejo de se provar. Da comparação constante, do desejo de superar. Do ego que tem medo de ser esquecido. Do medo de errar. Da tentativa de dizer “ei, mundo, eu tenho valor”. Da lacuna de autoestima que a maioria não admite que tem, mas que fica evidente quando a necessidade de ser reconhecido supera a necessidade de se respeitar.
Burnouts nascem do movimento de se espremer para caber. Quando te falta a confiança de poder escolher um ambiente no qual você se sinta pertencente. Quando você confia tão pouco na sua potência que, por medo, acaba ficando lugares que te atropelam. Quando seu medo te obriga a se submeter ao que não faz sentido, dentro de você.
Burnouts nascem quando morrem os seus movimentos de crescimento. Quando você para de focar no que pulsa e se acomoda com o que é. Quando você cala o que o seu coração fala para escutar o que querem que você seja. Quando o processo, ao invés de te preencher, te esgota.
Burnouts nascem do desejo de culpar o mundo. Você se abandona. Você se atropela. Você tolera. Você se acomoda. Você se cala. Você desiste. E depois você responsabiliza o outro. O chefe, a empresa, o marido, os pais…
Mas os burnouts morrem quando você entente que você não é uma pizza. Você pode desenhar um gráfico redondo no papel e segmentar a sua vida em fatias. Mas só no papel. Na prática, se você fatiar sua vida, vai ter que pagar com o esgotamento da sua energia.
No fim do dia, o que suga a sua energia não é fazer muitas coisas. É não fazer aquilo que te abastece. É não estar na sua própria agenda. É não questionar porque você faz o que você faz.
É o treino que você pula. É a alimentação que você negligencia. É a saúde mental que você trata com ironia. É o trabalho que você escolheu apenas pelo salário.
Burnout é sintoma. Culpar o mundo não resolve. A única saída madura é se enfrentar diante do espelho e se perguntar qual parte em você fez com que você topasse se submeter àquilo que te atropela.
Caso contrário: mudam-se os personagens, muda-se o contexto, e repete-se a história.
Enquanto não houver cura no pedacinho dentro de você que confunde seu valor pessoal com o valor do seu trabalho, você continuará precisando se atropelar para se provar. E, desse lugar, a única alternativa possível é se esgotar.
Carol Rache é empresária, fundadora do grupo Namah Wellness, que promete descomplicar a inteligência emocional e o bem-estar. Há 10 anos se dedica ao estudo do comportamento humano se aprofundando nas mais diversas abordagens para ajudar as pessoas a viverem com mais leveza e equilíbrio.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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