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Como é a transição de carreira dos atletas olímpicos
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
A carreira de um atleta de alto rendimento pode começar cedo e terminar antes mesmo dos 30 anos. A ex-ginasta Daiane dos Santos iniciou no esporte com 11 anos, foi campeã do mundo aos 20 e se aposentou com 29 devido a uma lesão.
Aos 25 anos, Rebeca Andrade, uma das favoritas da ginástica, coleciona medalhas e vitórias no esporte. A atleta, que já se lesionou algumas vezes e ficou fora de competições, também é estudante de psicologia, e prepara o que podem ser os próximos passos de sua carreira.
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Entre estudos e Olimpíada
Mas Rebeca não é a única a considerar e se preparar para novos momentos profissionais. “O crescente interesse por educação e formação profissional reflete uma conscientização maior sobre a importância de estar preparado para a vida após o esporte”, afirma Cláudia Romano, presidente do Instituto Yduqs e vice-presidente do grupo educacional de mesmo nome. A atleta é bolsista do Yduqs, que já investiu cerca de R$ 200 milhões em educação no esporte e envolveu 2 mil pessoas em seu programa de transição de carreira para atletas e paratletas.
Entre os 277 brasileiros que competem na Olimpíada de Paris, 35 são alunos ou ex-alunos da Estácio, universidade do grupo. Flavia Saraiva, companheira de Rebeca na ginástica, cursa publicidade, e a veterana Jade Barbosa se formou em marketing. O ginasta Rayan Dutra cursa educação física, a tenista Beatriz Haddad é formada em administração e a porta-bandeira da delegação Raquel Kochhann, capitã da seleção feminina de Rugby, é formada em educação física.
Completar uma graduação pode ajudar os atletas a ter segurança na vida após o esporte. “A formação acadêmica oferece uma base sólida de conhecimento e habilidades que podem ser aplicadas em novas profissões, além de ajudar na construção de uma rede profissional”, diz Romano.
Vida depois do esporte
Por outro lado, as soft skills, ou habilidades comportamentais, desenvolvidas ao longo da trajetória no esporte são transferíveis para qualquer carreira. “Disciplina, resiliência, capacidade de trabalhar em equipe, liderança, gestão do tempo e habilidades de resolução de problemas são altamente valorizadas em qualquer setor profissional.”
É comum que ex-atletas aproveitem a expertise e a vivência do esporte e assumam posições como técnicos e comentaristas esportivos. Antes de se tornar o técnico com mais vitórias do esporte brasileiro, Bernardinho atuou como jogador desde os 13 anos e vestiu a camisa da seleção de 1979 a 1986.
Eleita a melhor do mundo na sua posição, a ex-jogadora de vôlei Fofão teve cinco participações em Olimpíadas, levou três medalhas olímpicas, e agora voltou às quadras não para jogar, mas para treinar a seleção sub-17 feminina.
A atuação da ex-levantadora Hélia Rogério de Souza, de 54 anos, vai além do esporte. Fofão é também sócia e embaixadora da marca de cosméticos Beleza Negra, que tem produtos desenvolvidos especialmente para pessoas pretas. “Como mulher negra, sei muito bem como funciona esse mercado e a necessidade que a gente tem de produtos de qualidade e mais variedade”, disse ela em entrevista à Forbes.
Do esporte aos negócios
O velejador Matheus Dellagnelo, medalhista nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara (2011) e Lima (2019), deixou o mundo dos esportes pelo empreendedorismo.
Matheus é cofundador da Indicium, empresa de serviços de inteligência de mercado e análise de dados que recebeu um aporte de US$ 40 milhões (R$ 226 milhões) em rodada série A em maio deste ano.
O empreendedor reconhece as habilidades que traz do esporte para o dia a dia dos negócios. “A análise de dados também impacta nos treinamentos, performance e estratégias quando estamos velejando”, diz. “Precisamos nos atentar à velocidade, direção e ângulo da vela, além de condições ambientais, como velocidade do vento e correnteza.”
Como acredita na relação entre esporte e mundo corporativo, Matheus chamou os funcionários da empresa para discutir sobre o tema e decidiu patrocinar um atleta olímpico na Olimpíada de Paris. O escolhido foi o velejador Bruno Fontes, que foi seu adversário e parceiro na equipe olímpica entre 2012 e 2014.
Seu histórico no esporte também ajuda a liderar seu time. Aos 17 anos, viu treinadores gritando com atletas e percebeu que aquilo não funcionava. “Entendo o perfil de cada colaborador para aplicar feedbacks e direcionamentos de carreira adequados. Isso me ajuda a melhorar o desempenho do time, desde a motivação à entrega de resultados.”
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Planejamento financeiro para atletas
Os atletas têm buscado se preparar para futuras carreiras, mas qualquer transição profissional envolve planejamento – mental, profissional e também financeiro. “Infelizmente, muitas vezes a real importância disso é vista quando acontece algum problema, por falta de apoio ou suporte”, afirma Betina Roxo, sócia e vice-presidente da Redoma Capital.
Na Olimpíada de Tóquio, Rebeca Andrade levou R$ 400 mil por uma medalha de ouro e outra de prata. Este ano, já garantiu uma de bronze na final por equipes (que vale R$ 280 mil para o time), uma de prata no individual geral (que vale R$ 210 mil) e ainda vai disputar outras três finais.
Apesar dos números relevantes, os Jogos Olímpicos acontecem de quatro em quatro anos. Ou seja, entre os ciclos, os atletas continuam treinando, mas vivem de patrocínio – o que para alguns pode ser bem lucrativo, mas para outros é um desafio.
Além de atleta e estudante de psicologia, Rebeca Andrade é influencer. Tem 4,7 milhões de seguidores apenas no seu perfil do Instagram, onde faz publicidades para grandes marcas como Adidas, Havaianas e Volvo. Atletas menores também podem viver de salário de clubes ou do programa do governo federal Bolsa Atleta, com valores mensais que variam de R$ 410,00 até R$16.690,00 conforme categoria.
3 estratégias para o sucesso financeiro dos atletas
Para Betina Roxo, não existe receita mágica para o sucesso financeiro dos atletas, mas existem pontos importantes para considerar. Ela destaca:
1) Criar uma mentalidade de poupar e investir. “É importante que o atleta saiba quais são os seus desafios quanto a isso. É quase uma ‘fotografia financeira’ para deixar tudo mais claro e projetar anos à frente.”
2) Ter ajuda profissional. “Da mesma forma que o atleta precisa do apoio de um fisioterapeuta, de um médico, de um treinador, é preciso também ajuda financeira profissional, de uma pessoa de fato especialista em finanças e investimentos.”
3) Saber se posicionar e trabalhar sua marca pessoal. “É um desafio, mas é importante porque o mundo está cada vez mais digital. Ter profissionais ao seu lado para ajudar nesse posicionamento de marca faz com que você tenha uma recorrência melhor de parcerias. Isso, unido ao planejamento financeiro, consegue antecipar e mitigar os momentos difíceis. Usar as redes ao seu favor, criar novas fontes de receita e planejar um futuro melhor são essenciais.”
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O Que Fazer (e o Que Não Fazer) na Festa de Fim de Ano da Firma
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Na reta final do ano, chegam as festas de confraternização da firma. Seja em um grande evento com toda a empresa ou em um happy hour com colegas e chefes da sua área, é importante não se esquecer de que você ainda está em um ambiente de trabalho. “As festas são para confraternizar e se relacionar principalmente com quem não é do seu dia a dia. Mas lembre que o dia seguinte existe”, diz Martha Leonardis, fundadora e CEO da New Connect, empresa de networking internacional.
Sim, esse é um bom momento para comemorar as metas batidas e os projetos entregues, se aproximar de líderes ou conhecer pessoas de outros setores, mas cuidado com o que for falar depois de um drink ou outro. “A confraternização da empresa não é uma festa com os amigos, embora possa parecer”, afirma Raphael Rezende, palestrante e LinkedIn Top Voice, conhecido nas redes como Rapha do RH. “Existem regras de conduta subliminares a serem respeitadas”, diz Eliete Gomes, head de coaching na LHH, uma das maiores empresas globais de consultoria de carreira.
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A chance rara de ver os colegas em um contexto mais descontraído pode levar muitos a ultrapassar os limites. Suas atitudes e interações durante o evento podem impactar a forma como você é percebido por colegas e superiores. Leonardis define as melhores práticas para esse tipo de evento: “Roupas discretas, pouca bebida e sem romance”.
O ideal para conseguir curtir esses eventos pessoal e profissionalmente é encontrar equilíbrio. É possível interagir de forma descontraída e até se soltar um pouco sem ultrapassar os limites profissionais. “Em um ambiente mais leve, as histórias se conectam e podem abrir portas, tanto no lado profissional quanto no pessoal”, diz Rapha do RH.
Veja 10 dicas do que fazer – e o que não fazer – na festa de fim de ano da empresa
1. Não deixe de ir
Mesmo que você não tenha muita afinidade com o chefe ou os colegas, é recomendável comparecer à festa, já que ela costuma ser vista como uma “obrigação social” no ambiente corporativo.
2. Pense na melhor roupa para a ocasião
Informe-se sobre o dress code para saber se o evento será formal ou mais casual e escolha uma roupa adequada à ocasião. A imagem também conta. “Siga o código de vestimenta indicado no convite. Se não houver um, opte por algo elegante e profissional, mas confortável”, diz Eliete Gomes, Master Coaching Latam na LHH.
3. Pode beber?
Beber um drink, uma cerveja ou uma taça de vinho é perfeitamente aceitável, mas o mais importante é beber com moderação. Ninguém quer dar vexame na frente do chefe. “Nada é pior do que um colaborador embriagado e inconveniente”, afirma a consultora da LHH.
4. Fure a bolha
Na festa, foque em participar de conversas educadas e amigáveis com pessoas diferentes do seu convívio no dia a dia. “Durante o expediente, acabamos conversando só com colegas da nossa área, o que limita trocas, novas ideias e nos impede de ampliar a visão de negócio”, diz Rapha do RH. “Saia da zona de conforto e troque com pessoas diferentes”, sugere Martha Leonardis.
5. Nada de falar de trabalho
Não transforme a festa em uma reunião de trabalho. Faça perguntas, compartilhe histórias leves e evite assuntos polêmicos, como política ou temas que possam gerar desconforto. “Em um ambiente social, você pode aproveitar para falar de viagens, hobbies, lifestyle. Isso conecta e aproxima”, sugere a CEO da New Connect. “Nas conversas, seja claro e direto, sem monopolizar o tempo dos outros. Preste atenção ao que os outros estão dizendo e faça perguntas pertinentes”, diz a executiva da LHH.
6. Não se isole
Se você não conhece muitas pessoas na festa, especialmente em tempos de trabalho remoto, algumas estratégias podem ajudar. Se estiver sozinho, busque pessoas com quem já conversou ou que gostaria de conhecer. “Não tenha medo de se apresentar a pessoas que você ainda não conhece, especialmente líderes e colegas de outros departamentos”, diz Eliete Gomes, head de coaching na LHH. “Se a conversa fluir bem, sugira trocar contatos para continuar a conversa em outro momento. Isso pode ser feito de maneira casual, como adicionar no LinkedIn.”
Pense em temas em comum para iniciar uma conversa ou fale da própria festa. Evite perguntas de “sim” ou “não”, tente abordar temas mais amplos. Momentos de silêncio podem ser constrangedores, mas fazem parte. “Interagir, mesmo que de forma leve, é importante para evitar interpretações negativas”, diz Rapha do RH. Para os mais introvertidos, como ele, a sugestão é já pensar em assuntos e se preparar antes de chegar ao evento.
7. Reforce relacionamentos
Além de buscar novas conexões, valorize e reforce as relações com colegas e superiores. É o momento de se aproximar mais e falar de outros temas além do trabalho. “Para quem trabalha remotamente, é a chance perfeita de interagir pessoalmente”, afirma o especialista. Nada como o olho no olho.
8. Evite flertes e ultrapassar limites pessoais
Mesmo que o ambiente seja informal, esse ainda é um evento de trabalho. Comportamentos inadequados podem ser mal interpretados e até levar a demissões. “Mantenha uma distância confortável e evite ser invasivo. Observe as reações das pessoas para garantir que elas estejam à vontade”, diz Eliete Gomes.
9. Fuja de fofocas
Não participe de conversas que envolvam fofocas sobre colegas, críticas ao chefe ou comentários negativos sobre a empresa. O que é dito na festa pode se espalhar pelo escritório, prejudicando sua reputação.
10. Não exagere nas redes sociais
De novo, a festa da firma não é uma festa com seus amigos. Então cuidado ao postar fotos e vídeos. “Respeite a privacidade dos colegas e do ambiente. O evento é social, mas ainda vinculado à empresa”, diz o especialista em carreira.
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Por Que o Salário Mínimo Importa até para Quem Ganha Muito Mais?
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O salário mínimo é a base de sustento para milhões de brasileiros, mas o seu impacto vai muito além daqueles que recebem o piso definido por lei. Em geral, ele determina o poder de compra, distribuição de renda e o custo de vida de todos os brasileiros.
Segundo números do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 59,3 milhões de pessoas recebem o valor. E, atualmente, há uma mudança importante em discussão no Congresso e que pode afetar muito mais pessoas.
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Uma das medidas mais bem recebidas pelo mercado financeiro, o governo enviou uma mudança na forma de reajuste no salário mínimo. Atualmente, o governo utiliza a inflação e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para definir o novo valor atualmente. A nova proposta quer limitar os novos valores a um crescimento de 2,5%.
Salário mínimo: muito além do salário
A nova medida, assim como o salário mínimo, não impacta apenas quem recebe o valor do piso salarial brasileiro. Ela influencia o consumo interno e a demanda por produtos e serviços de maneira significativa, já que no Brasil grande parte da população recebe rendimentos diretamente ou indiretamente atrelados a ele.
Além de ditar os valores de diversos benefícios sociais, como aposentadorias e seguro-desemprego, ele também cria uma pressão por alterações em outras faixas salariais, já que muitos contratos coletivos e negociações utilizam o salário mínimo como base para aumentos.
Ou seja, profissionais de alta renda têm os seus aumentos vinculados a índices que, de forma indireta, são influenciados pelo reajuste do mínimo.
Segundo Lucas Almeida, sócio da assessoria AVG Capital, o impacto é mais visível em setores como o de serviços, já que os salários intermediários costumam ser ajustados de forma proporcional. Como resultado, mesmo quem ganha acima do mínimo sente os efeitos, seja por meio de aumentos salariais ou pelo impacto nos custos de produtos e serviços.
“Algumas empresas que pagam salários acima do mínimo ainda dependem de insumos fornecidos por trabalhadores que recebem o piso salarial”, diz. Consequentemente, a alteração no salário pode gerar uma cadeia de custos que afete até grandes corporações, pressionando-as a reajustar preços.
Mesmo assim, tanto Almeida, quanto o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Felipe Queiroz, alertam que uma política de incentivo ao crescimento real do salário mínimo não apenas melhora a qualidade de vida da população como também estimula o emprego e a indústria. “Quando a economia cresce, os salários aumentam, e o consumo acompanha esse crescimento”, explica Queiroz. E todas essas mudanças influenciam todas as classes sociais.
E a inflação?
Quando o salário mínimo aumenta, há um movimento para que os preços acompanhem esse crescimento. Ou seja, mesmo quem ganha muito mais que o piso sente as consequências do aumento do custo de vida. No entanto, o impacto na inflação varia conforme o contexto econômico.
De acordo com a teoria econômica, a Curva de Phillips descreve uma correlação entre inflação e mercado de trabalho, especialmente em situações de pleno emprego. Quando a economia está próxima ou atinge o pleno emprego, os aumentos salariais tendem a pressionar os preços, gerando inflação. Porém, quando a economia está longe do pleno emprego, como é o caso atual brasileiro, há espaço para expandir os fatores de produção. Ou seja, aumentar a oferta de empregos sem gerar uma pressão inflacionária significativa.
Para o Brasil, o impacto inflacionário do salário mínimo ocorre em situações específicas, e não de forma generalizada. O economista Felipe Queiroz destaca um exemplo histórico: o período de 2012 a 2013. “Naquele momento, o mercado de trabalho estava aquecido, havia aumento da renda real e uma transição na pirâmide social brasileira, com pessoas saindo da base e ingressando em uma nova classe média”, explica.
Esse movimento resultou em um crescimento da demanda por bens que antes não eram tão consumidos, gerando uma pressão inflacionária. “No entanto, após 2014, com a crise econômica e política, agravada pela pandemia, não vivenciamos um cenário semelhante, já que o país enfrenta o uso insuficiente da capacidade produtiva, limitando o impacto inflacionário de reajustes no salário mínimo”, afirma Queiroz.
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De Onde Nascem Os Burnouts?
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Burnout. Esse é o nome chique para classificar o esgotamento advindo das atividades profissionais. Síndrome comum, nos dias atuais, onde cada vez mais se associa o valor das pessoas ao que elas conseguem produzir.
Mas o que leva um humano a se portar como máquina? O que leva alguém a querer produzir mais do que o seu combustível permite? De onde, afinal, nascem os burnouts?
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É inquestionável a sede que pessoas têm para se tornarem cases de sucesso. Nos despedimos da geração coca-cola e nos deparamos com a geração startup. Se antes os jovens sonhavam em serem rockstarts, hoje o alvo é serem protagonistas de um IPO ou founders de um unicórnio.
Mas, embora a métrica de sucesso tenha mudado, o gatilho permanece o mesmo: a vontade de ser aplaudido e reconhecido.
Buscar sucesso para preencher a lacuna interna da autoestima não é um movimento novo. A novidade agora é que a velocidade na qual as coisas mudam é assustadoramente maior. Não é apenas sobre alcançar o topo, mas sobre não se afogar a cada onda nova do mercado. Manter-se atualizado na era digital não é tarefa simples.
Lulu Santos já dizia que “tudo muda o tempo todo no mundo”. Mas cantou essas palavras em melodia calma, leve, serena. Num ritmo que destoa da velocidade do mundo atual. No mundo de hoje, para a poesia de Lulu ser realista, precisaria ser acelerada na velocidade 2 do whatsapp.
Se até as conversas pessoais hoje acontecem em velocidade dobrada, como não sermos seduzidos pela pressa que nos envolve? Se analisarmos friamente, esgotamento parece ser o único destino possível daqueles que nutrem a intenção de serem produtivos.
Mas não é.
A verdade é que se ligarmos o piloto automático, o convite para viver a vida na mesma rapidez dos áudios de whatsapp vence. É fácil, sim, tropeçar em urgências que não são urgentes e nos tornarmos mais ocupados do que precisamos ser.
Glorificamos tanto o trabalho que, num deslize, invertemos as prioridades e começamos a crer que estar sempre sem tempo é nobre. Mas a verdade é que estar ocupado não é sinônimo de produtividade.
A objetividade e assertividade nos fazem produtivos. A ansiedade e a pressa nos tornam ocupados. E uma das formas mais comuns de procrastinação é manter-se ocupado daquilo que não é de fato importante, enquanto o que realmente nos traria resultado é deixado para depois. E é daí que nasce o vício nada virtuoso de fazer sempre mais, ao invés de buscar sempre fazer melhor.
Burnouts nascem daquilo que ocupa a agenda mas não nos aproxima dos nossos objetivos. Nasce da crença equivocada de que esforço é sinônimo de virtude. Quando, no fundo, a maior virtude é saber limpar da agenda o esforço que não nos aproxima do nosso destino. Ser esforçado não nos leva longe. Ser estratégico, sim.
Burnouts nascem do automatismo. É da falta de respiro que surgem os esgotamentos. Da falta de hábitos que qualifiquem a nossa energia. Da displicência com nossa saúde física e emocional. De falta de clareza sobre os nossos limites. Da falta de disciplina que nos faz perder o sono pensando onde vamos aplicar nosso dinheiro sem considerar que nosso recurso mais precioso é aquele que não poderá ser recuperado por fundo ou empresa nenhuma: o tempo.
Burnouts nascem do desejo de se provar. Da comparação constante, do desejo de superar. Do ego que tem medo de ser esquecido. Do medo de errar. Da tentativa de dizer “ei, mundo, eu tenho valor”. Da lacuna de autoestima que a maioria não admite que tem, mas que fica evidente quando a necessidade de ser reconhecido supera a necessidade de se respeitar.
Burnouts nascem do movimento de se espremer para caber. Quando te falta a confiança de poder escolher um ambiente no qual você se sinta pertencente. Quando você confia tão pouco na sua potência que, por medo, acaba ficando lugares que te atropelam. Quando seu medo te obriga a se submeter ao que não faz sentido, dentro de você.
Burnouts nascem quando morrem os seus movimentos de crescimento. Quando você para de focar no que pulsa e se acomoda com o que é. Quando você cala o que o seu coração fala para escutar o que querem que você seja. Quando o processo, ao invés de te preencher, te esgota.
Burnouts nascem do desejo de culpar o mundo. Você se abandona. Você se atropela. Você tolera. Você se acomoda. Você se cala. Você desiste. E depois você responsabiliza o outro. O chefe, a empresa, o marido, os pais…
Mas os burnouts morrem quando você entente que você não é uma pizza. Você pode desenhar um gráfico redondo no papel e segmentar a sua vida em fatias. Mas só no papel. Na prática, se você fatiar sua vida, vai ter que pagar com o esgotamento da sua energia.
No fim do dia, o que suga a sua energia não é fazer muitas coisas. É não fazer aquilo que te abastece. É não estar na sua própria agenda. É não questionar porque você faz o que você faz.
É o treino que você pula. É a alimentação que você negligencia. É a saúde mental que você trata com ironia. É o trabalho que você escolheu apenas pelo salário.
Burnout é sintoma. Culpar o mundo não resolve. A única saída madura é se enfrentar diante do espelho e se perguntar qual parte em você fez com que você topasse se submeter àquilo que te atropela.
Caso contrário: mudam-se os personagens, muda-se o contexto, e repete-se a história.
Enquanto não houver cura no pedacinho dentro de você que confunde seu valor pessoal com o valor do seu trabalho, você continuará precisando se atropelar para se provar. E, desse lugar, a única alternativa possível é se esgotar.
Carol Rache é empresária, fundadora do grupo Namah Wellness, que promete descomplicar a inteligência emocional e o bem-estar. Há 10 anos se dedica ao estudo do comportamento humano se aprofundando nas mais diversas abordagens para ajudar as pessoas a viverem com mais leveza e equilíbrio.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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